Fundador de jornal e dois políticos pró-democracia detidos em Hong Kong

Acusações centram-se no protesto de 31 de Agosto, em que muitos manifestantes se concentrarm junto à sede da polícia, que usou canhões de água tingida de azul pela primeira vez desde o início das manifestações, em Junho de 2019.

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Jimmy Lai Chee-ying é conhecido por contribuir para o movimento pró-democracia Tyrone Siu/REUTERS

A polícia de Hong Kong deteve o fundador de um diário e dois políticos pró-democracia associados a uma manifestação proibida que se realizou a 31 de Agosto, no âmbito dos protestos antigovernamentais no território.

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A polícia de Hong Kong deteve o fundador de um diário e dois políticos pró-democracia associados a uma manifestação proibida que se realizou a 31 de Agosto, no âmbito dos protestos antigovernamentais no território.

De acordo com o jornal South China Morning Post, as forças de segurança detiveram esta sexta-feira, sob a acusação de “intimidar um jornalista” e “manifestação ilegal” o fundador do diário Apple Daily Jimmy Lai Chee-ying, um “self made man” conhecido por apoiar o movimento pró-democracia e os protestos e por fazer oposição ao governo de Hong Kong.

Jimmy Lai Chee-ying, no entanto, saiu da esquadra de Kowloon num Mercedes preto, sem fazer declarações, diz a Reuters.

Fontes policiais indicaram terem sido também detidos dois antigos deputados pró-democracia que participaram na manifestação em 31 de Agosto.

Um deles é Lee Cheuk-yan, fundador do Partido Trabalhista de Hong Kong e secretário-geral da Confederação de Sindicatos local. Aquele partido confirmou a detenção de Lee e acusou a polícia de abuso de poder.

A manifestação de 31 de Agosto, que marcou o 13.º fim de semana consecutivo de protestos na cidade, teve a participação de dezenas de milhares de pessoas, de acordo com os organizadores, apesar da chuva e da proibição da polícia. No dia seguinte, os manifestantes bloquearam o acesso ao aeroporto.

Embora o objectivo fosse protestar em frente ao Gabinete de Ligação do Governo central em Hong Kong, muitos manifestantes concentraram-se junto à sede da polícia, que usou canhões de água tingida de azul pela primeira vez desde o início das manifestações, em Junho de 2019.

A marcha foi convocada pela Frente Cívica de Direitos Humanos, organismo responsável pelas manifestações mais pacíficas e com mais participantes. As autoridades negaram autorização para o protesto, alegando que em anteriormente tinham ocorrido episódios de violência.

A data marcava ainda o quinto aniversário da decisão das autoridades chinesas de não permitirem o sufrágio universal e livre para eleger o chefe do executivo da região administrativa especial de Hong Kong, decisão que desencadeou os protestos conhecidos como ‘revolução dos guarda-chuvas amarelos’ em 2014.

Com o surto do coronavírus Covid-19, que já causou mais de 2800 mortos e infectou mais de 83 mil pessoas, as manifestações antigovernamentais em Hong Kong quase desapareceram, mas os apoiantes do movimento pró-democracia avisaram que poderão regressar às ruas quando a crise de saúde pública terminar.