Estudante de design cria linha de lingerie para mulheres transgénero

Estima-se que 25 milhões de pessoas em todo o mundo sejam não-binárias. Para o estudante Haobo Zhang, o projecto passa por ajudar a trazer conforto e respeito a todas elas.

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Quando o estudante Haobo Zhang decidiu desenhar roupas íntimas especificamente para mulheres transgénero, a sua ambição era maior do que simplesmente entregar um projecto para concluir o seu mestrado em moda na Universidade de Delaware, nos Estados Unidos. Zhang queria responder a uma necessidade e ajudar a trazer conforto e respeito aos milhões de pessoas em todo o mundo que se identificam como transgéneros. De acordo com a revista médica The Lancet, há em todo o mundo cerca de 25 milhões de pessoas não-binárias,

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Quando o estudante Haobo Zhang decidiu desenhar roupas íntimas especificamente para mulheres transgénero, a sua ambição era maior do que simplesmente entregar um projecto para concluir o seu mestrado em moda na Universidade de Delaware, nos Estados Unidos. Zhang queria responder a uma necessidade e ajudar a trazer conforto e respeito aos milhões de pessoas em todo o mundo que se identificam como transgéneros. De acordo com a revista médica The Lancet, há em todo o mundo cerca de 25 milhões de pessoas não-binárias,

É o caso de Willa Patsy Sharpe, uma enfermeira, cuja certidão de nascimento diz chamar-se William Patrick Sharpe e que se submeteu a um scan de corpo inteiro no Laboratório de Design e Saúde da Inovação da universidade, localizada em Newark — um primeiro passo para que seja possível criar roupa interior pensada exclusivamente no seu conforto.

Com o scan, um computador criou um avatar seu que, em conjunto com várias ideias saídas das longas conversas entre Sharpe e Zhang, permitirá a este último criar a primeira roupa interior feminina transgénero, explicou a directora do laboratório e professora assistente de ciências da saúde na Universidade, Martha Hall. “Quero ajudar as pessoas que são ignoradas, fazê-las sentirem-se confortáveis ​​e alinhadas com o que querem ser”, explicou Zhang, citado pela Reuters.

O projecto de Zhang nasceu a partir de uma conversa que Martha Hall, a sua orientadora de mestrado, teve com uma designer de roupa interior da Calvin Klein. “Ele sugeriu que trabalhássemos numa colecção de género não-binário. E eu dei um passo em frente com a ideia”, recorda Hall.

Haobo Zhang, de 24 anos, é natural de Xangai e confessa que criar uma visão para roupas íntimas transgénero é exactamente o tipo de trabalho que deseja realizar enquanto designer funcional.

“O design funcional [aplicado ao] vestuário melhora a vida das pessoas. Uma peça de roupa pode proteger um bombeiro, pode ajudar uma pessoa com deficiência a viver de maneira mais conveniente”, disse Zhang, lembrando que “algumas mulheres transgénero querem esconder os seus órgãos genitais.

Willa Patsy Sharpe, 60 anos, é divorciada e mãe de dois filhos, tendo assumido o facto de ser transgénero há quatro anos. Sobre a sua vontade de esconder os seus órgãos genitais masculinos, Sharpe explica que a maioria das mulheres transgénero não está a tentar “enganar o mundo”, mas simplesmente a fazer por se sentir confortável e feminina.

No entanto, Sharpe acusa as roupas íntimas transgénero, produzidas actualmente, de serem artificiais e desconfortáveis. Por isso, e depois de conhecer histórias de mulheres trans que até fita-cola usavam para conseguir disfarçar os genitais, decidiu responder ao apelo do laboratório e participar neste projecto.

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REUTERS/Bastiaan Slabbers

“Gostaria de ter uma aparência que não deixasse dúvidas, para que não me chamem automaticamente de ‘senhor’”, disse Sharpe, cujos testículos foram removidos cirurgicamente. “Cada vez que alguém me chama de ‘senhor’ é como se fosse atingido por uma seta”, confessou.

O objectivo de Zhang, para já, passa por concluir o projecto até Maio e terminar o mestrado. Já a professora Hall deseja expandir o estudo para homens transgénero e comercializar estas roupas íntimas. Porém, para Sharpe, o esforço é muito mais do que um projecto de moda: “Este estudo significa não apenas entender a nossa comunidade, mas afirmar: ‘você existe’”, concluiu.