Stefan Blunier vai ser o novo maestro titular da Orquestra Sinfónica do Porto
Maestro suíço tem dirigido a formação da Casa da Música com regularidade desde 2012. “É uma escolha óbvia” para suceder a Baldur Brönnimann a partir de 2021, diz o director artístico António Jorge Pacheco.
O maestro suíço-alemão Stefan Blunier (Berna, 1964), que entre 2008 e 2016 dirigiu a Orquestra Beethoven e a Ópera de Bona, vai ser o novo maestro titular da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, cargo que ocupará a partir de Janeiro de 2021, sucedendo ao seu compatriota Baldur Brönnimann.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O maestro suíço-alemão Stefan Blunier (Berna, 1964), que entre 2008 e 2016 dirigiu a Orquestra Beethoven e a Ópera de Bona, vai ser o novo maestro titular da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, cargo que ocupará a partir de Janeiro de 2021, sucedendo ao seu compatriota Baldur Brönnimann.
O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo director artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, que salientou “as qualidades humanas e artísticas” reveladas por Blunier ao longo da quase uma década que já dura a sua colaboração regular com a sinfónica portuense, formação que dirigiu uma dúzia de vezes desde 2012.
“Ao longo dos últimos anos, [Stefan Blunier] intensificou a sua colaboração com a Orquestra Sinfónica, tendo revelado as suas extraordinárias capacidades musicais e o seu à-vontade em repertórios muito variados, desde os clássicos aos românticos, passando por excelentes prestações nas mais exigentes obras contemporâneas”, acrescenta o director artístico em comunicado divulgado pela Casa da Música.
Ao PÚBLICO, o maestro suíço falou esta quinta-feira da “emoção” que sente perante o novo desafio, considerando que a Sinfónica da Casa da Música “é uma orquestra especial”, formada por músicos que “tocam com muita motivação e paixão”, sempre disponíveis para “executar programas extraordinários”.
“Desde o início senti que, na maior parte das vezes, eu recebia desta orquestra quase tudo o que queria ter dela, e isso significa um nível muito elevado”, acrescentou Blunier no seu camarim, entre elogios à arquitectura do edifício, à acústica da Sala Suggia, à cidade e em particular ao público melómano do Porto.
No próximo mês de Abril, o maestro suíço vai dirigir a Sinfónica do Porto em dois concertos do ciclo Música & Revolução (24 de Abril a 1 de Maio): no primeiro dia, fará a estreia portuguesa da peça Le désenchantement du Monde, de Tristan Murail, compositor francês do movimento espectralista; no dia 26, dirigirá obras de Gérard Grisey e de Magnus Lindberg, dois compositores contemporâneos.
Questionado sobre que épocas e estéticas mais gosta de trabalhar, Blunier começa por ironizar, dizendo que a sua música preferida é a de Jean-Philippe Rameau, uma referência do barroco francês. “Mas aqui não vou dirigi-lo, porque não é a minha especialidade, mesmo se a Casa tem um ensemble barroco [risos]. Adoro os russos, e gosto também muito dos alemães do período entre 1880 e 1900, da música que espelha a atmosfera de decadência dessa época do início do Freud, muitas vezes de compositores judeus”, revela o maestro.
Mas o novo titular da Sinfónica do Porto promete também prestar atenção e partir “à descoberta” da música portuguesa, que conhece ainda pouco, e cujas partituras não chegam às bibliotecas alemãs. “Conheço os contemporâneos – o Emmanuel Nunes, claro –, e sei que há também os barrocos, mas não sei se existem compositores românticos”, confessa Blunier, manifestando interesse em investir nessa procura. Até equaciona – como fez quando foi dirigir, como maestro convidado, a Orquestra de Bruxelas – fazer um programa específico com música portuguesa quando assumir as novas funções no início do próximo ano. Mas sem nunca deixar de parte “os Beethoven, Brahms, Tchaikovski…”.
“Temos de fazer de tudo. Alguns maestros não estão disponíveis para a música contemporânea, ou porque não têm tempo, ou porque não querem estudar as novas partituras. Mas eu gosto de acompanhar o percurso de um compositor”, diz ainda. E, sintetizando o seu projecto para a Sinfónica da Casa da Música, garante: “Vou estudar o que já se fez aqui, e vou trabalhar num programa para a cidade, não para mim.”
Stefan Blunier começou por estudar piano, trompa e composição, antes de se especializar em direcção de orquestra, entre a sua cidade natal e a conceituada Escola Superior Folkwang, na cidade alemã de Essen. Na primeira década do século, desempenhou os cargos de maestro titular associado da Orquestra de Mannheim e de director musical e maestro titular da de Darmstadt, ambas na Alemanha. Foi depois director-geral da Música em Bona, tendo também estado à frente da Orquestra e da Ópera da antiga capital germânica.
Paralelamente, “dirigiu praticamente todas as orquestras sinfónicas das rádios alemãs”, completa a sua nota biográfica, tendo também conduzido formações orquestrais de países como Dinamarca, Bélgica, França, Escócia, Irlanda, Países Baixos, Noruega e Japão. O seu percurso também passou pela ópera, com um repertório que inclui obras de Verdi, Massenet, R. Strauss, Wagner, Henze ou Poulenc.