BE lança aviso ao Governo sobre aeroporto do Montijo

Catarina Martins respondeu ao Governo dizendo que não conte com o BE para nenhuma alteração legislativa que sirva para impor um aeroporto contra a vontade dos autarcas da região. E aponta como alternativa o campo de tiro de Alcochete.

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A líder do BE apela à mobilização contra o aeroporto do Montijo LUSA/PAULO NOVAIS

O aviso é claro: não conte o Governo com o apoio do Bloco de Esquerda (BE) para “nenhuma alteração legislativa” que vá “impor um aeroporto” contra a vontade das populações da Margem Sul de Lisboa. As palavras são de Catarina Martins, a líder do BE, que ontem em Braga escolheu o tema do novo aeroporto como um dos pontos principais do discurso de encerramento da iniciativa Inconformação.

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O aviso é claro: não conte o Governo com o apoio do Bloco de Esquerda (BE) para “nenhuma alteração legislativa” que vá “impor um aeroporto” contra a vontade das populações da Margem Sul de Lisboa. As palavras são de Catarina Martins, a líder do BE, que ontem em Braga escolheu o tema do novo aeroporto como um dos pontos principais do discurso de encerramento da iniciativa Inconformação.

A líder bloquista referia-se assim à vontade já expressa pelo ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, de alterar a actual lei que exige parecer favorável de todas as câmaras municipais dos concelhos afectados para avançar com a construção de aeródromos nacionais, como o novo aeroporto. Isto, porque os autarcas da Moita e Seixal, ambos da CDU, são contra esta nova infra-estrutura. Mudando-se a lei, o problema ficaria resolvido.

No sábado, o Expresso havia noticiado que o ministro das Infra-estruturas já falara inclusivamente com o líder do PSD, Rui Rio, no sentido de lhe pedir o apoio dos sociais-democratas para não chumbar o futuro decreto-lei na Assembleia da República, uma vez que é certo que a esquerda pedirá a sua apreciação parlamentar. Ou seja, o Governo já se mexeu no sentido de antecipar e tentar travar qualquer coligação negativa que se venha a formar no Parlamento contra a alteração legislativa de Pedro Nuno Santos. Ao PÚBLICO, fonte oficial do PSD afirmou no sábado que ainda não há uma decisão tomada. Embora Rui Rio seja favorável à construção do aeroporto do Montijo.

Para o BE, o novo aeroporto representa um “atentado ao ambiente” e a solução encontrada para um segundo aeroporto na zona de Lisboa “tem de ser em nome de Portugal” e não “à medida” da Vinci, a empresa que “comprou os aeroportos ao preço da chuva, e que quer fazer o máximo de dinheiro à conta do nosso país para depois, se correr mal, ir para outro lado qualquer”.

Em Braga, citada pela Lusa, a coordenadora nacional do Bloco explicou que a solução do Montijo vai contra a lei actual que - “e bem” - obriga à audição das populações locais, que se mostraram contra a construção de um aeroporto naquele local, restando as hipóteses de ou não o fazer ali, ou mudar a lei.

“Agora que o Governo quer mudar a lei, fica a saber o seguinte: com o BE não conta para nenhuma alteração legislativa para impor um aeroporto no Montijo contra as populações e movimentos ambientalistas e contra a segurança das pessoas”, avisou. “Mas conta sim com o BE para uma solução que já está estudada, que não tem que ser mais lenta e que pode voltar a ser posta em cima da mesa. Não é preciso que fique ou tudo no Montijo ou tudo na mesma. Há sempre soluções, saibamos olhar para elas”, completou, apontado como solução o campo de tiro de Alcochete.

Segundo Catarina Martins, “a solução tem [de ser] em nome de Portugal, do interesse publico e em nome do ambiente”. “Não pode ser à medida da Vinci que comprou os aeroportos ao preço da chuva, e que quer fazer o máximo de dinheiro à conta do nosso país para depois, se correr mal, ir para outro lado qualquer”, explanou.

Catarina Martins deixou ainda um alerta e um pedido para que, no dia 13 de Março, data para a qual está marcada uma greve climática, haja mobilização: “Estas questões são de todos. Não são questões do parlamento, de engenheiros que tratam de aviões, são questões de toda a gente”, afirmou.

A bloquista alertou para estar em curso em Portugal o que considerou ser “um atentado ao ambiente e ao que contradiz todos os objectivos para a neutralidade carbónica no nosso país. E, no dia 13 de Março, quando se fala de emergência climática”, deve-se proceder à mobilização para a greve climática, “por todas as bandeiras globais, mas também pelas decisões muito concretas que estão a ser tomadas agora, no nosso país, e que precisam da voz de todos”.

A coordenadora do BE lembrou ainda os pareceres de impacto ambiental negativos à construção do aeroporto no Montijo, mostrando-se preocupada com as questões levantadas “sobre a biodiversidade, preocupantes sobre algumas espécies, nomeadamente aves, preocupantes sobre o futuro, porque a zona onde se quer fazer o aeroporto é uma zona que poderá ficar submersa, e porque não substitui de forma alguma uma extensão do aeroporto de Lisboa”.