Vamos falar a sério?
Quando se percebe que em Portugal nenhum clube é punido por comportamentos racistas dos seus adeptos, não valerá a pena procurar saber porquê?
O país a que me orgulho de pertencer não é um país racista. O desporto que me orgulho de defender não é uma arena racista. Bem pelo contrário. O desporto e também o futebol não segregam nem dividem. Atletas e equipas são exemplo permanente de inclusão. A distinção faz-se no resultado desportivo, não na origem, na religião, na língua, na cor ou na etnia de cada um. É, felizmente, longa e exemplar a lista dos nossos campeões como Rosa Mota, Nelson Évora, Patrícia Mamona, Carlos Lopes, Naíde Gomes, Nuno Delgado, Fernanda Ribeiro e tantos outros que, afinal, são apenas portugueses e campeões. Sendo diferentes.
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O país a que me orgulho de pertencer não é um país racista. O desporto que me orgulho de defender não é uma arena racista. Bem pelo contrário. O desporto e também o futebol não segregam nem dividem. Atletas e equipas são exemplo permanente de inclusão. A distinção faz-se no resultado desportivo, não na origem, na religião, na língua, na cor ou na etnia de cada um. É, felizmente, longa e exemplar a lista dos nossos campeões como Rosa Mota, Nelson Évora, Patrícia Mamona, Carlos Lopes, Naíde Gomes, Nuno Delgado, Fernanda Ribeiro e tantos outros que, afinal, são apenas portugueses e campeões. Sendo diferentes.
E como é esmagador o exemplo do futebol como mundo de integração e inclusão das mais díspares proveniências sociais, económicas, étnicas, religiosas! Quem pode esquecer que os portugueses se orgulham hoje de Ronaldo como ontem se orgulharam de Eusébio? Como não reparar que a nossa seleção principal, assim como a esmagadora maioria dos clubes, juntam atletas nascidos no país mas também na América ou na África, sendo que tudo isso acrescenta e não diminui, afirma e não perturba a nossa história de país universalista.
O racismo é intolerável na sociedade e muito mais no desporto. Aqui é mesmo incompreensível. Pois que os ídolos são sempre aplaudidos e vitoriados seja qual for a cor da sua pele, religião, origem, etc. O problema surge quando esses ídolos aparecem como adversários. Aí a coisa complica-se. E acontecem cenas lamentáveis e inaceitáveis como a de Marega no passado domingo. Ali, Marega já não vestia a camisola do Vitória, como em 2016/17, agora era adversário. Antes foi acarinhado e aplaudido, agora foi insultado e ofendido.
Há aqui, de facto, um problema. O coro generalizado de indignação e solidariedade justifica-se, sim. Mas é o combate que se impõe. Até porque este caso não é o caso. É só mais um caso de muitos que aconteceram. Basta aumentar o volume de som na televisão e até em casa o testemunhamos a cada passo. Crime sem castigo. Convite à banalização do insulto, da ofensa! E à desvalorização do papel privilegiado do desporto no combate a comportamentos desviantes e violadores dos mais elementares direitos humanos.
Combater sim, mas de verdade.
Quando se percebe que em Portugal nenhum clube é punido por comportamentos racistas dos seus adeptos, não valerá a pena procurar saber porquê? E é tão fácil! Basta ir ao Regulamento Disciplinar (artigo 113) e fica-se logo a saber que só haverá castigo se se provar que o clube promoveu, tolerou ou consentiu aqueles comportamentos. Ou seja, nunca. Não vale de nada sermos todos Maregas ou Varandas…
E se os clubes, a Liga e a Federação começassem por aqui?