Operação Lex: Marcelo não comenta antes de o Conselho Superior da Magistratura se pronunciar
O Presidente da República não quer falar sobre as suspeitas de viciação na atribuição dos processos no Tribunal da Relação de Lisboa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou este sábado querer esperar pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) antes de se pronunciar sobre dúvidas quanto ao sorteio de processos judiciais.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou este sábado querer esperar pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) antes de se pronunciar sobre dúvidas quanto ao sorteio de processos judiciais.
“Sabem que eu não comento nenhum processo específico, nunca, judicial, nunca, em qualquer fase em que se encontre. Sobre a questão em geral, eu acho que não devo pronunciar-me antes [daquele] que é o órgão máximo para apreciar essa matéria, que é o Conselho Superior da Magistratura, se pronunciar”, afirmou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas à margem da inauguração de um pólo da Associação Cultural Ephemera, no Parque Empresarial da Baía do Tejo, no Barreiro (distrito de Setúbal). Segundo o Presidente da República, o CSM “vai apreciar a matéria daqui por uns dias”.
“Antes de o poder judicial se debruçar sobre a matéria, o Presidente da República não deve pronunciar-se”, insistiu.
Questionado sobre se situações como esta adensam o descrédito da população na Justiça, o Presidente começou por reiterar não querer pronunciar-se “antes de o órgão que tem competência para apreciar essa matéria no quadro do poder judicial se pronunciar”.
“É a mesma coisa em relação ao parlamento como em relação ao poder judicial, é pôr em causa a separação de poderes”, salientou.
Na quinta-feira foi noticiado que havia suspeitas de viciação do sistema electrónico de distribuição de alguns processos no tribunal da Relação de Lisboa, tendo o antigo presidente daquele tribunal superior Luís Vaz das Neves sido constituído arguido na Operação Lex, na qual está também envolvido o juiz desembargador Rui Rangel, a sua ex-mulher e também juíza Fátima Galante, e um funcionário judicial do TRL.
Na sexta-feira, o actual presidente do TRL, Orlando Nascimento, garantiu que “a distribuição de processos é realizada através de um programa informático, com aleatoriedade e cumprimento das leis”.
Em comunicado, Orlando Nascimento reiterou que as decisões proferidas nos processos “são elaboradas com isenção, imparcialidade, e preocupação com a defesa do interesse público e particular, nelas envolvido, que são inerentes às funções de juiz”.
Por seu lado, a Associação Sindical dos Juízes Portugueses exigiu ao CSM — órgão de gestão e disciplina dos magistrados judiciais — uma “sindicância urgente” aos procedimentos, para que se possa verificar “se existiram irregularidades” nos sorteios.
A Operação Lex, que ainda está em fase de investigação no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, tem actualmente mais de uma dezena de arguidos, entre os quais o funcionário judicial do TRL Octávio Correia, o advogado Santos Martins, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, João Rodrigues e os três juízes.
O processo foi conhecido em 30 de Janeiro de 2018, quando foram detidas cinco pessoas e realizadas mais de 30 buscas. Esta investigação teve origem numa certidão extraída do processo Operação Rota do Atlântico, que envolveu o empresário de futebol José Veiga.