Ultraconservadores e conservadores vencem eleições legislativas no Irão

Dos 241 deputados eleitos até agora, 191 fazem parte do bloco ultraconservador e conservador. Reformistas e moderados foram varridos do Parlamento iraniano.

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A abstenção nestas eleições terá sido menor de 70% em Teerão ABEDIN TAHERKENAREH/LUSA

O bloco dos conservadores e ultraconservadores no Irão é o grande vencedor das legislativas de sexta-feira, tendo já eleito 191 dos 290 lugares do Majlis (Parlamento), segundo dados parciais avançados por media locais.

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O bloco dos conservadores e ultraconservadores no Irão é o grande vencedor das legislativas de sexta-feira, tendo já eleito 191 dos 290 lugares do Majlis (Parlamento), segundo dados parciais avançados por media locais.

Segundo a agência semioficial Fars, já foram eleitos 241 deputados em 290, que correspondem a 202 dos 208 círculos eleitorais em que está dividido o país. Dos 241 eleitos, 191 fazem parte do bloco conservador e ultraconservador; os reformistas e moderados, que eram a força maioritária – embora sem maioria absoluta , foram varridos do Majlis, tendo obtido apenas 16 deputados. Os restantes 34 lugares já atribuídos pertencem a independentes.

Um dos mais votados foi o político de linha dura Mohammad Baqer Qalibaf, ex-presidente da Câmara Municipal de Teerão e candidato derrotado em três eleições presidenciais. E a sua vitória, a que se junta a de muitos outros candidatos ultraconservadores afectos aos Guardas da Revolução, vai dar à linha dura mais força na política iraniana. 

Os conservadores vão voltar a dominar o poder legislativo, o que cria condições para que arrebatem a Presidência da República nas eleições a realizar em 2021. Além disso, o campo moderado, a favor de negociações pragmáticas com os Estados Unidos, vê-se numa posição ainda mais marginal, depois do assassínio do general Qassem Soleimani e do rasgar do acordo nuclear de 2015 pelos Estados Unidos

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Mohammad Baqer Qalibaf, ex-presidente da câmara de Teerão, terá sido um dos candidatos com mais votos Nazanin Tabatabaee/WANA/REUTERS

No próximo dia 17 de Abril realiza-se uma segunda volta, para disputar 14 assentos.

A Comissão Eleitoral não divulgou ainda dados relativos à participação dos 57.918.159 eleitores inscritos, incluindo cerca de três milhões de novos votantes, por terem alcançado a idade mínima para votar: 18 anos. Mas a Fars adianta um dado revelador do alcance da abstenção, pelo menos na capital, Teerão. Eem Teerão votaram cerca de 1,9 milhões dos cerca de nove milhões de eleitores inscritos, o que representa uma taxa de abstenção superior a 70%. Nas eleições legislativas de 2016, a abstenção ficou-se pelos 62% e nas de 2012 nos 66%. 

Maior círculo eleitoral do país, Teerão tinha 30 lugares em disputa, tendo todos sido arrebatados pelos conservadores e ultras, repetindo o que se passou nas legislativas anteriores, em 2016, quando os reformistas e moderados ocuparam os 30 assentos.

O bloco reformista e moderado foi prejudicado pela desqualificação de milhares dos seus candidatos, chumbados pelo Conselho dos Guardiãos, e o descontentamento do eleitorado que preferiu abster-se em protesto contra a crise económica por que passa o país e a falta de cumprimento das promessas feitas pelo Governo do Presidente Hassan Rohani de maior liberalização nos usos e costumes vinculados à Revolução Islâmica, que derrubou em 1979 a dinastia Pahlavi.