O museu vivo de Coimbra que foi o primeiro aposento real de Portugal
Em 2013, a UNESCO classificou grande parte do centro histórico de Coimbra. Não apenas a sua secular universidade, mas muitos dos edifícios que lhe estão ligados, da Alta à Baixa da cidade, da opulência barroca à austeridade do Estado Novo. Seis anos depois, juntava ao conjunto a peça que faltava: o Museu Machado de Castro, o edifício que ajuda a contar a história da cidade.
A solenidade da fachada em pedra, com quatro colunas jónicas e escudo real no pórtico, serve de indício. Depois, a pesada porta de madeira maciça entreabre-se, os olhos habituam-se a uma luz mais suave, coada por janelas e portadas, e são inundados pela opulência do espaço: a folha dourada, o mobiliário em madeiras exóticas trabalhadas, a carpete vermelha que protege o chão em calcário de Estremoz, o tecto com frescos. Estão também lá as estantes ornamentadas com motivos chineses e preenchidas com livros, para nos recordarmos que acabamos de entrar numa biblioteca. Ao fundo, os olhos são conduzidos para retrato do patrono do lugar, D. João V, responsável por mandar construir a Biblioteca Joanina, na Alta de Coimbra, uma adenda ao antigo Paço Real, tarefa que levou mais de uma década a completar, de 1717 a 1728.