Passou recentemente na RTP2 um documentário sobre Eduardo Prado Coelho, Resistir à Cegueira do Mundo, realizado e escrito por Abílio Leitão e por Fernando Luís Sampaio. Se os realizadores mantiveram o guião, devo ter por lá uma pequena intervenção, um breve depoimento. Mas nem por isso consegui encontrar um motivo para ver o documentário, não por qualquer espécie de desconfiança em relação ao objecto e aos seus autores, mas porque não consigo olhar para esse passado. Eduardo Prado Coelho teve um papel importantíssimo nos vários domínios da cultura deste país, ao longo de mais de 40 anos. A sua presença, nos media, era quase diária, ninguém tinha uma exposição pública tão assídua: ele era a figura do crítico, do divulgador, do intelectual que se instalava com uma enorme felicidade para nos “dar acesso”, antes da “época do acesso”, segundo a fórmula consagrada de Jeremy Rifkin, permitir a toda a gente dispor de uma vitrine. Tudo nele era público, mesmo as paixões deixavam traços em dedicatórias e páginas confidenciais. Com ele, aprendia-se tanto sobre as coisas da alta cultura como sobre a cultura de massas. Nada do que fazia parte deste mundo lhe era estranho.
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Passou recentemente na RTP2 um documentário sobre Eduardo Prado Coelho, Resistir à Cegueira do Mundo, realizado e escrito por Abílio Leitão e por Fernando Luís Sampaio. Se os realizadores mantiveram o guião, devo ter por lá uma pequena intervenção, um breve depoimento. Mas nem por isso consegui encontrar um motivo para ver o documentário, não por qualquer espécie de desconfiança em relação ao objecto e aos seus autores, mas porque não consigo olhar para esse passado. Eduardo Prado Coelho teve um papel importantíssimo nos vários domínios da cultura deste país, ao longo de mais de 40 anos. A sua presença, nos media, era quase diária, ninguém tinha uma exposição pública tão assídua: ele era a figura do crítico, do divulgador, do intelectual que se instalava com uma enorme felicidade para nos “dar acesso”, antes da “época do acesso”, segundo a fórmula consagrada de Jeremy Rifkin, permitir a toda a gente dispor de uma vitrine. Tudo nele era público, mesmo as paixões deixavam traços em dedicatórias e páginas confidenciais. Com ele, aprendia-se tanto sobre as coisas da alta cultura como sobre a cultura de massas. Nada do que fazia parte deste mundo lhe era estranho.