Encontrada câmara secreta de Nefertiti no túmulo de Tutankhamon?
Equipa de cientistas liderada por antigo ministro egípcio das Antiguidades encontrou fortes indícios de uma segunda câmara funerária escondida junto do local onde repousa o sarcófago de Tutankhamon. No entanto, nem todos ficaram convencidos com esta descoberta.
A famosa teoria sobre um quarto secreto integrado no túmulo do faraó Tutankhamon que alberga os restos mortais da rainha Nefertiti não é de agora. Em 2015, um investigador da Universidade do Arizona publicou um artigo em que defendia que o célebre túmulo de Tutankhamon podia esconder uma passagem para outra câmara funerária, precisamente a de Nefertiti, mas esta teoria foi afastada em definitivo por três equipas de especialistas.
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A famosa teoria sobre um quarto secreto integrado no túmulo do faraó Tutankhamon que alberga os restos mortais da rainha Nefertiti não é de agora. Em 2015, um investigador da Universidade do Arizona publicou um artigo em que defendia que o célebre túmulo de Tutankhamon podia esconder uma passagem para outra câmara funerária, precisamente a de Nefertiti, mas esta teoria foi afastada em definitivo por três equipas de especialistas.
Agora a possibilidade parece ter ganho agora uma nova força. Esta quinta-feira, uma equipa de cientistas liderada por Mamdouh Eldamaty, o antigo ministro egípcio das Antiguidades, divulgou que encontrou fortes indícios da existência de uma segunda câmara funerária escondida por trás das paredes decoradas da câmara onde há mais de três mil anos repousou o sarcófago de Tutankhamon. O grupo examinou o túmulo com recurso a um radar de penetração de solo e descobriu um espaço que era, até agora, totalmente desconhecido. A câmara encontrada tem aproximadamente dois metros de altura e dez de comprimento.
As descobertas — que constam de um estudo que não foi ainda publicado, mas cujos detalhes foram obtidos em primeira mão pela revista Nature — voltam a ressuscitar uma teoria controversa de que o local do enterro do jovem rei esconde a existência de uma tumba maior, que pode conter a misteriosa rainha egípcia Nefertiti. De acordo com a revista científica, a equipa já apresentou a sua pesquisa e conclusões ao Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto no início de Fevereiro, que deverá agora validar (ou não) a veracidade destas descobertas.
À Nature, Ray Johnson, egiptólogo do Instituto Oriental da Universidade de Chicago, investigador que não participou no estudo, diz que a descoberta é “empolgante” e não tem dúvidas em dizer que “claramente existe algo do outro lado da parede da câmara funerária”.
A possibilidade de existirem câmaras extras além da que alberga o túmulo de Tutankhamon já tinha sido investigada por várias equipas, mas muitas foram contratadas ao longo dos anos por empresas privadas. O resultado destas investigações é um assunto controverso. Algumas equipas juram a pés juntos que aqueles espaços existem, mas há quem refute esta ideia. Francesco Porcelli, físico da Universidade Politécnica de Turim, em Itália, investigador que liderou uma pesquisa dentro do túmulo em 2017, insiste que os seus dados descartam a existência de salas ocultas conectadas ao local de repouso de Tutankhamon.
Ainda não é certo se o espaço está ligado ao túmulo de Tutankhamon, conhecido como KV62 (nome técnico do túmulo do faraó Tutankhamon, assim conhecido por ter sido o 62.º descoberto no Vale dos Reis – KV, Kings’ Valley –, a necrópole da importante cidade de Tebas, actual Luxor), ou se faz parte de outro túmulo adjacente. Os investigadores responsáveis pela descoberta argumentam que a sua orientação, perpendicular ao eixo principal do KV62, sugere que existe uma conexão uma vez que túmulos não conectados tendem a estar alinhados em diferentes ângulos.
Mas nem todos ficaram convencidos. Zahi Hawass, outro antigo ministro das Antiguidades, diz à Nature que o uso de técnicas geofísicas para procurar sarcófagos no Egipto já gerou “falsas esperanças” e argumenta que este tipo de trabalho não deve ser realizado. Hawass também continua à procura de novos túmulos, incluindo o de Nefertiti, mas com recurso a técnicas mais convencionais. Hawass refere que em 2019 escavou uma área a norte do túmulo de Tutankhamon, mas não encontrou nada.
Até que estas informações sejam confirmadas por entidades oficiais, e apesar das inúmeras tentativas nas últimas décadas, é bem provável que os restos mortais de Nefertiti permaneçam por localizar. O busto que existe no Neues Museum de Berlim pôs gerações e gerações de arqueólogos e historiadores a referirem-se à rainha Nefertiti como uma das mais bonitas mulheres da antiguidade. Saber onde está sepultada esta mulher de beleza lendária que deu seis filhas a Akhenaton e que terá governado até que o seu enteado Tutankhamon pudesse subir ao trono, continua a ser um dos grandes mistérios da egiptologia.