Sexto ano da ocupação russa da península ucraniana
Mais tarde ou mais cedo, a Crimeia terá de voltar à vida normal, enquanto região integral da Ucrânia. Tendo em conta a atividade destrutiva russa em todas as esferas, a reintegração será um processo difícil e multifacetado.
Em 2014, a Rússia ocupou partes de um país soberano no coração da Europa – a Ucrânia – enviando tropas, tanques, artilharia, treinando e equipando grupos criminosos locais e, ainda assim, nega a sua presença e responsabilidade. A Rússia manipula a imprensa, faz circular informação falsa para incitar intolerâncias e intervém nos assuntos internos de outros Estados, ameaçando as democracias noutros cantos da Europa e fora dela.
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Em 2014, a Rússia ocupou partes de um país soberano no coração da Europa – a Ucrânia – enviando tropas, tanques, artilharia, treinando e equipando grupos criminosos locais e, ainda assim, nega a sua presença e responsabilidade. A Rússia manipula a imprensa, faz circular informação falsa para incitar intolerâncias e intervém nos assuntos internos de outros Estados, ameaçando as democracias noutros cantos da Europa e fora dela.
Em pleno século XXI, a Ucrânia tornou-se no campo de batalha mais sangrento pela liberdade e pela democracia, numa luta contra o poder da tirania. Este episódio da história tirou a vida a milhares de soldados e civis, deixando milhares de ucranianos de luto, viúvas, órfãos e inválidos.
Mas, apesar de tudo, tal demonstrou uma grande coragem, um grande valor e uma força de vontade inflexível por parte do povo ucraniano. Tornou os ucranianos orgulhosos dos seus heróis e desejosos de contar a sua história ao mundo.
É sabido que a agressão armada da Rússia contra a Ucrânia teve início a 20 de fevereiro de 2014, quando os militares russos começaram a reposicionar as suas unidades para o estreito de Kerch e para a península da Crimeia. O estacionamento da Frota Russa do Mar Negro em Sevastopol e noutros locais na Crimeia facilitou a tarefa de infiltração e acumulação de tropas regulares russas disfarçadas na península.
Na manhã de 27 de fevereiro, soldados russos vestindo uniformes militares não identificados apoderaram-se de prédios administrativos da República Autónoma da Crimeia em Simferopol. Nos dias seguintes, equipas de combate móveis do exército russo espalharam-se através das guarnições da Frota Russa do Mar Negro pela Crimeia. Agindo em estreita cooperação, grupos paramilitares e militares russos tomaram instalações-chave e comunicações importantes da Crimeia.
Nos meses de fevereiro e março de 2014, a Crimeia foi o principal palco do conflito. A partir de abril do mesmo ano, o epicentro do confronto mudou para as regiões ucranianas de Donetsk e de Luhansk.
No ano passado, foi atualizada a resolução sobre “A situação dos direitos humanos na República Autónoma da Crimeia e na cidade de Sevastopol, Ucrânia”, aprovada pela Assembleia Geral da ONU, e a qual foi adicionada ao arsenal de instrumentos políticos para a desocupação do território ucraniano.
Esta resolução é o primeiro dos documentos aprovados pela Assembleia Geral da ONU em que é mencionado o conceito de “agressão” em relação às ações da Federação Russa na Crimeia. De seguida, é apresentada uma prova de fogo determinante – a declaração de que a aquisição de território ou outra vantagem com recurso a agressão não pode e não será considerada legítima.
Por outras palavras, a Federação Russa pode contar quantas histórias quiser sobre “referendos históricos”, “acordos de anexação” ou sobre “a nova região russa”, pois a resposta da ONU é inequívoca: um ladrão não pode adquirir direitos sobre algo que roubou. De facto, a Assembleia Geral da ONU enfatizou o absurdo da “integração” da Crimeia na constituição russa.
Mais tarde ou mais cedo, a Crimeia terá de voltar à vida normal, enquanto região integral da Ucrânia. Tendo em conta a atividade destrutiva russa em todas as esferas, a reintegração será um processo difícil e multifacetado.
Necessitaremos de todo o apoio para voltar a transformar a Crimeia no maravilhoso resort internacional à beira mar com parques naturais únicos, tal como o era antes de 2014. Hoje, temos de empreender todos os esforços para chegar ao dia do início da reintegração.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico