Os velhos e novos amores de Gabriel Abrantes
Na sua nova exposição individual, no MAAT, Gabriel Abrantes reencontra-se com a pintura e volta a afirmar o desejo de fazer cinema popular. Agora, expandindo o seu universo com o storytelling visual do cinema de animação. Para continuar a falar do mundo.
À entrada de Melancolia Programada, na Central Tejo, no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, é caso para dizer que Gabriel Abrantes não irá, tão depressa, sossegar numa linguagem, num métier. Ao fim de quase dez anos de cinema, ei-lo a professar, de novo, o seu amor pela pintura, mostrando-a contra fronteiras e categorias fixas. Recorde-se: quando, entre 2007 e 2009, apareceu no contexto português, fê-lo com duas linguagens e duas formas de exibição, a pintura, numa galeria, o filme numa sala de cinema. Em certo sentido, é o que volta a fazer nas galerias do museu, com a curadoria da Inês Grosso, mas, agora, mediante uma miríade de nexos, ressonâncias, cambiantes. Obra e experiência acumuladas, dando a ver um universo que se expande e se complexifica entre o cinema e a pintura, o material e o imaterial, o desejo de fazer pensar e o desejo de entreter.