Enquanto Bloomberg espera para unir o centro, Sanders vai acelerando a fundo pela esquerda
Multimilionário confirma tendência de subida nas sondagens para ocupar a posição de favorito do establishment do Partido Democrata, mas o senador do Vermont também continua a somar apoios e lidera com mais de 30% das intenções de voto.
Bernie Sanders, o candidato mais à esquerda nas eleições primárias do Partido Democrata norte-americano, continua a reforçar a sua posição de favorito para enfrentar Donald Trump nas presidenciais de Novembro. O senador do Vermont, de 78 anos, tem agora mais de 30% das intenções de voto numa corrida com oito concorrentes, beneficiando da grande divisão entre os candidatos da ala centrista do partido.
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Bernie Sanders, o candidato mais à esquerda nas eleições primárias do Partido Democrata norte-americano, continua a reforçar a sua posição de favorito para enfrentar Donald Trump nas presidenciais de Novembro. O senador do Vermont, de 78 anos, tem agora mais de 30% das intenções de voto numa corrida com oito concorrentes, beneficiando da grande divisão entre os candidatos da ala centrista do partido.
A sondagem de Fevereiro do jornal Washington Post e do canal ABC News, publicada esta quarta-feira, dá a Bernie Sanders uma liderança confortável, com 32%.
O resultado confirma a tendência da sondagem do instituto Marist, divulgada na terça-feira, que deu ao candidato progressista 31% das intenções de voto entre os eleitores do Partido Democrata.
Atrás de Sanders está em curso uma luta pela liderança da ala centrista, com o multimilionário Michael Bloomberg e o antigo vice-presidente Joe Biden a trocarem de posição nas duas sondagens desta semana.
Na sondagem da Marist, Bloomberg surgiu em 2.º lugar, com 19%, e Biden foi 3.º, com 15%. Na sondagem do Washington Post e da ABC News, Biden tem 16% e Bloomberg fica um pouco abaixo, com 14%.
A fechar o grupo de candidatos com intenções de voto na ordem dos dois dígitos surge Elizabeth Warren, a outra candidata progressista na corrida à nomeação pelo Partido Democrata e que divide algum desse eleitorado com Bernie Sanders. A senadora do Massachusetts surge em 4.º lugar, com 12% das intenções de voto em ambas as sondagens.
Mais lá para baixo, outros dois candidatos preferidos pela ala centrista, Pete Buttigieg e Amy Klobuchar, mantêm-se abaixo dos 10% apesar das boas prestações nas duas primeiras votações, no Iowa e em New Hampshire.
Na corrida estão ainda o milionário Tom Steyer e a congressista Tulsi Gabbard, ambos com dificuldades para chegarem aos 2%.
A sondagem do Washington Post e da ABC News é divulgada no dia de mais um debate na televisão entre os candidatos, desta vez em Las Vegas, no Nevada, a três dias da votação no estado. Em palco vão estar Sanders, Biden, Warren, Buttigieg e Klobuchar, e também Bloomberg, que se qualificou para o debate mas que só entra nos boletins de voto a partir de Março.
"Super terça-feira"
Tão ou mais importante do que a actual posição nas sondagens é a tendência do apoio a cada candidato. Uma subida nesta fase, já com duas votações fechadas e a duas semanas da chamada Super Terça-feira (quando 14 estados vão a votos no mesmo dia), pode ser decisiva para as escolhas dos eleitores.
Neste caso, há dois grupos com tendências bem definidas, de subida e de descida.
No primeiro grupo estão Bernie Sanders e Michael Bloomberg, cada vez mais favoritos a disputarem a nomeação em nome da ala progressista e da ala centrista do Partido Democrata.
No segundo grupo, claramente em queda, está Joe Biden, que até há pouco tempo era o favorito a enfrentar Donald Trump nas presidenciais. Na sondagem da Marist, Biden perdeu nove pontos de Janeiro para Fevereiro, e na sondagem publicada esta quarta-feira o tombo foi ainda maior, de 16 pontos percentuais.
Para ter ainda alguma hipótese de disputar a nomeação, Joe Biden precisa de bons resultados nas duas próximas votações, no Nevada (sábado, 23) e na Carolina do Sul (sábado, 29). Se não dominar as primárias na Carolina do Sul, onde já começou a perder algum apoio entre o eleitorado afro-americano, poderá desistir da corrida em Março.
Também os outros candidatos, à excepção de Michael Bloomberg, precisam de bons resultados até ao fim do mês para manterem vivas as suas campanhas.
Buttigieg e Klobuchar têm uma tarefa difícil para repetir os sucessos no Iowa e em New Hamsphire, onde o eleitorado de maioria branca foi favorável às suas propostas; e Warren pode ver os seus apoiantes escaparem para o favorito Sanders.
Bloomberg continua a sua campanha sem pressões, longe do Nevada e da Carolina do Sul, onde nem sequer vai estar nos boletins de voto. O multimilionário apostou tudo na Super Terça-feira, esperando surgir no fim desse dia como a única opção para os democratas que não concordam com as propostas mais à esquerda de Bernie Sanders.
Ao contrário do que tem sido habitual nas eleições primárias nas últimas décadas, em que um candidato surgiu como claro favorito ao fim de algumas votações, este ano o Partido Democrata pode ver-se obrigado a decidir durante a convenção nacional, em Julho.
Se nenhum candidato conquistar os 1991 delegados necessários para chegar à convenção como virtual nomeado (o que pode acontecer se Bloomberg contar com o apoio dos eleitores de Biden, Buttigieg e Klobuchar após a eventual desistência desses candidatos), o Partido Democrata terá outra dificuldade pela frente: a de escolher entre um progressista e um centrista, cada um com apoiantes muito desconfiados em relação às propostas do adversário.