BE acusa chefe de gabinete da Câmara do Porto de se comportar como “hooligan”

Bloco de Esquerda fez perguntas a Rui Moreira sobre a alegada censura do Rivoli. A resposta, do chefe de gabinete do presidente da autarquia, Nuno Santos, “é um retrato da displicência, da arrogância e da falta de sentido institucional com que o grupo político de Rui Moreira lida com quem não repete as suas opiniões”.

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Nuno Nogueira Santos começou por ser assessor de Rui Moreira. Actualmente é chefe de gabinete Nelson Garrido

O Bloco de Esquerda acusou esta quarta-feira o chefe de gabinete da Câmara do Porto de se comportar como um “hooligan de uma claque”, criticando a forma como respondeu às questões sobre o Teatro Municipal do Porto, que o BE havia enviado a Rui Moreira no início da semana passada, acusado de censura.

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O Bloco de Esquerda acusou esta quarta-feira o chefe de gabinete da Câmara do Porto de se comportar como um “hooligan de uma claque”, criticando a forma como respondeu às questões sobre o Teatro Municipal do Porto, que o BE havia enviado a Rui Moreira no início da semana passada, acusado de censura.

O Grupo Municipal do Bloco de Esquerda (BE) dirigiu dez perguntas ao presidente da câmara sobre a relação entre o Teatro Municipal e a autarquia e a interferência na autonomia da criação artística. As perguntas surgiram dias depois de a dramaturga Regina Guimarães ter acusado a direcção do Teatro Municipal do Porto de censurar um texto da sua autoria, escrito para integrar a folha de sala do espectáculo “Turismo”.

Esta quarta-feira, num email enviado às redacções, o grupo municipal do Bloco de Esquerda refere que a resposta que recebeu do chefe de gabinete de presidente da Câmara do Porto “é um retrato da displicência, da arrogância e da falta de sentido institucional com que o grupo político de Rui Moreira lida com quem não repete as suas opiniões”.

O BE acrescenta que Nuno Santos “é chefe de gabinete, exerce funções públicas e convinha, portanto, que não se comportasse nesse papel como um hooligan de uma claque”. Questionada pela Lusa, a autarquia declarou que o chefe de gabinete não vai responder ao Bloco de Esquerda através da imprensa.

No texto, aquele grupo municipal salienta que, pese embora esteja de acordo com a condenação por parte de Moreira “da censura que existiu no Teatro Municipal”, não é “conivente” com “a atitude de fazer de conta que este é um debate apenas sobre o episódio da folha de sala”, defendendo que o que está em causa “é mais vasto”. “Não vale a pena varrer para debaixo do tapete, por exemplo, o relato da actriz Sara Barros Leitão sobre a interferência da direcção artística e executiva do teatro num projecto que os próprios tinham encomendado e que revela um modus operandi inaceitável”, sublinham.

Para o Bloco, o presidente da câmara e responsável pelo pelouro da Cultura “gastou muito tempo com formalismos para não responder ao essencial”, pelo que remetem novo requerimento com as questões que querem ver esclarecidas. “Finalmente, e depreendemos que provavelmente obscurecido pelo tom com que escreve, ou talvez fruto de uma sobreposição de questões tecnicistas e de detalhe, o Senhor Chefe de Gabinete, Dr. Nuno Nogueira Santos, acabou por não responder ao requerimento, o que é agravado pelo facto de remeter para o portal da câmara ou para a possibilidade deste grupo político da assembleia municipal assistir às reuniões do executivo, mediante autorização para tal, para ver as suas questões esclarecidas”, lê-se no requerimento.

Entre as questões levantadas, o partido questiona porque é que o chefe de Gabinete da presidência da câmara assistiu aos ensaios de imprensa da peça “Turismo” e se isso acontece com todos os espectáculos”. Aquele grupo municipal pergunta ainda, por exemplo, porque convocou Moreira um Conselho Municipal da Cultura para 21 de Fevereiro, não tendo incluindo este tema na ordem de trabalhos.

Na resposta a que o Bloco se refere, Nuno Santos afirma que as questões colocadas “estão constituídas a partir de pressuposto falsos, fazendo referências que não podem ser respondidas, como é o caso da que terá havido membros do executivo a assistir a um ensaio de imprensa da peça “Turismo"”.

“Não houve, que saiba a presidência e que seja do conhecimento de qualquer dos vereadores com pelouro. Desconhecemos - e não nos importa - se alguém da oposição assistiu. Cremos que não. Onde foi, então, o BE buscar tal informação? E, já agora, questiona-se: e se um membro do executivo assistisse, como assistiu o senhor presidente, a convite da presidente da OPART, a um ensaio de imprensa da Companhia Nacional de Bailado, no Rivoli? É o BE que estabelece quem pode ou não assistir a um ensaio no Teatro Municipal do Porto”, lê-se na missiva.

O chefe de gabinete salienta ainda que o presidente da autarquia não se inibiu, na reunião do executivo, de “dar os esclarecimentos que entendeu, onde entendeu e quando entendeu”, acrescentado que o BE, que não tem assento no executivo municipal, querendo pode assistir na bancada do público a tais reuniões”.

Nuno Santos remete a resposta às restantes questões para a estrutura orgânica do Município, aprovada em Assembleia Municipal, “sendo a independência do direCtor artístico do Teatro Municipal garantida, por muito que possa custar ao Bloco de Esquerda, pelo facto de ter sido escolhido por concursos público”. O chefe de gabinete acrescenta que o Teatro Municipal tem uma direcção artística “que funciona nos exactos termos sufragados, duas vezes, em eleições autárquicas”, sendo “nesses termos e perante as regras da democracia, que continuará a funcionar”.