Robert Strayer: “Não estamos contentes com a posição do Reino Unido” sobre a Huawei

Responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano está de visita a Portugal e reuniu com os principais operadores de telecomunicações do país.

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Robert Strayer está de visita a Portugal LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano, Robert Strayer, afirmou esta terça-feira que os Estados Unidos não estão contentes com a posição do Reino Unido relativamente ao envolvimento da Huawei no 5G.

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O responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano, Robert Strayer, afirmou esta terça-feira que os Estados Unidos não estão contentes com a posição do Reino Unido relativamente ao envolvimento da Huawei no 5G.

A multinacional chinesa vai poder fornecer equipamento para a infra-estrutura de telecomunicações 5G no Reino Unido, mas será excluída do envolvimento em partes cruciais da rede, anunciou o Governo britânico no final de Janeiro.

“Não estamos contentes com a posição do Reino Unido”, afirmou o vice-secretário adjunto do Departamento de Estado para a comunicação cibernética e internacional e para a política de tecnologia de informação, num encontro com jornalistas portugueses, em Lisboa.

“Se se reconhece que não deve estar no centro ["core” da infra-estrutura], não deve estar em parte alguma”, salientou Robert Strayer, que apontou os riscos de segurança nos serviços prestados pela fabricante chinesa.

“Obviamente que não estamos contentes de ver a Huawei a implementar qualquer rede, estamos preocupados em como isso pode potencialmente impactar cooperações próximas que temos, temos uma relação económica e de segurança estreita com Portugal”, prosseguiu nomeadamente na NATO.

Em Dezembro de 2018, por ocasião da visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado um memorando de entendimento entre a Altice Portugal e a Huawei, empresa que marca presença em Portugal desde 2004. “Entendemos que os nossos dados podem ficar comprometidos, temos primeiro de reavaliar como o equipamento da Huawei irá impactar as nossas redes”, considerou o responsável.

“Temos de proteger informação confidencial que tenhamos”, pelo que relativamente a países que tenham a Huawei na sua rede de quinta geração móvel (5G) “teremos de reavaliar como interagimos com as redes que estão comprometidas por tecnologia 5G da China”, disse.

“Olhamos isto não como Huawei, mas como o Partido Comunista chinês a fazer parte da rede e por isso temos de tratar dessa maneira”, explicou Robert Strayer. “Queremos continuar a cooperação com Portugal, não queremos ver nenhuma diminuição do nível de cooperação com Portugal”, sublinhou.

Na sua passagem por Lisboa, pela primeira vez, Robert Strayer já se reuniu com os três operadores de telecomunicações portugueses – Altice Portugal, NOS e Vodafone Portugal –, bem como com o regulador do sector – Anacom – e parlamentares.

Para quarta-feira tem agendadas “reuniões com governantes”. “Viemos aqui mostrar as nossas preocupações com a segurança”, referiu, recordando que um ano e meio antes de os Estados Unidos começarem a falar com os governos, Portugal incluído, “ninguém estava a falar da necessidade da cadeia de fornecimento necessitar de segurança”. Agora, “todos reconhecem que ninguém quer ter a Huawei no centro da sua rede, achamos que toda a rede deve ser segura”, sublinhou.

Sobre os encontros com responsáveis portugueses, Robert Strayer disse ter tido “receptividade” em relação às preocupações manifestadas pelos Estados Unidos. Segundo o responsável, tanto a Nokia como a Ericsson “estão preparadas para competir” no 5G, tal como a Huawei.

O responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano disse ainda que é preciso “desmistificar” a ideia de que a Huawei é a mais bem preparada, uma ideia que tem como “única fonte” a própria empresa. “Reconhecemos” que o número de fornecedores “é limitado, queremos ver mais” nesta área, afirmou.

“Nos Estados Unidos vamos trabalhar com o sector privado para avançar para um formato de arquitectura aberta”, onde várias empresas, entre as quais europeias, poderão participar, concluiu.