Greve dos estivadores com 100% de adesão
Paralisação dos estivadores no Porto de Lisboa, que abrange cinco das sete empresas que operam no local, começou esta quarta feira e prolonga-se até dia 9 de Março.
A adesão à greve dos estivadores do Porto de Lisboa que teve início esta quarta-feira, que afecta as empresas Liscont, Sotagus, Multiterminal e TMB (Terminal Multiusos) é de 100%, disseram fontes sindicais e patronais à agência Lusa. A greve dos estivadores decorre até 9 de Março e foi decretada na sequência de uma proposta da A-ETPL - Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa, empresa de cedência de mão-de-obra às empresas de estiva, para uma redução de salários de 15% e o fim das progressões de carreira automáticas.
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A adesão à greve dos estivadores do Porto de Lisboa que teve início esta quarta-feira, que afecta as empresas Liscont, Sotagus, Multiterminal e TMB (Terminal Multiusos) é de 100%, disseram fontes sindicais e patronais à agência Lusa. A greve dos estivadores decorre até 9 de Março e foi decretada na sequência de uma proposta da A-ETPL - Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa, empresa de cedência de mão-de-obra às empresas de estiva, para uma redução de salários de 15% e o fim das progressões de carreira automáticas.
A direcção da A-ETPL reconhece que a adesão à greve é total, ao contrário do que esperava, mas adverte que a paralisação só vai agravar ainda mais a situação da empresa. O SEAL, Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística congratula-se com a adesão à greve e diz que os trabalhadores foram empurrados para esta acção de luta devido ao incumprimento das actualizações salariais que estavam previstas e aos salários em atraso nos últimos 18 meses.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do SEAL acusa as empresas de estiva de quererem acabar com a actual empresa de trabalho portuário (A-ETPL), criando outra em sua substituição, e levar para o despedimento colectivo a maior parte dos trabalhadores do Porto de Lisboa.
“A situação financeira da A-ETPL só é desequilibrada porque os tarifários que eles [empresas de estiva] praticam, de cobrança do custo do estivador à empresa de trabalho portuário, mantém-se inalterado há 26 anos. Se tivesse sido actualizado, não era nos 65% da inflação, mas em 10 ou 15%, a empresa de trabalho portuário (A-ETPL) teria uma situação financeira excelente”, defendeu.
Na sequência das declarações públicas do presidente da A-ETPL, Diogo Marecos - que afirmou que os estivadores têm salários acima da média e que podem atingir os 5.000 euros por mês -, António Mariano considera que se trata de uma “campanha negra”.
“Costumo responder à questão dos cinco mil euros dizendo que se trabalhar por três estivadores sou capaz de ganhar 5.000 euros. A questão é que os salários são bastante inferiores em média, há trabalhadores abaixo dos 800 e 700 euros em Lisboa e outros portos nacionais”, disse.
“O salário base, nomeadamente em Lisboa, pode ir dos 1.000 aos 2.000 euros. O ponto médio não sei onde está, poderá estar perto dos 1.500 euros. São salários decentes que nós defendemos para quem trabalha numa profissão perigosa, como é o trabalho de estiva”, acrescentou António Mariano.
Confrontado com as declarações do dirigente do SEAL, o presidente da direcção da A-ETPL, Diogo Marecos, reafirma que há “vários trabalhadores que recebem mais de 5.000 euros/mês”, casos de pontuais de trabalhadores que chegam a receber “mais 7.900 euros/mês (sem incluir subsídio de férias ou de Natal)” e que os estivadores, por vezes, ganham mais do dobro do salário base em trabalho extraordinário, situação que pode repetir-se vários meses ao longo do ano.
Diogo Marecos reiterou ainda que a A-ETPL tem uma estrutura de custos que já não comporta longos períodos de inactividade, como tem acontecido nos últimos anos devido a “greves sucessivas”, que têm tido como consequência a perda de vários armadores/linhas de navegação, por falta de confiança no porto de Lisboa.