Novas soluções para o Interior
O Interior só inverterá o despovoamento com políticas “hard”, pois as “soft” já mostraram que valem pouco.
O diretor do jornal PÚBLICO, Manuel Carvalho, regressa ao tema das políticas para desenvolver o Interior do país em recente editorial. O pretexto foram as medidas divulgadas pelo governo de premiar com “subsídios” os jovens profissionais que se instalarem no interior. Manuel Carvalho critica esta estratégia. E faz bem.
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O diretor do jornal PÚBLICO, Manuel Carvalho, regressa ao tema das políticas para desenvolver o Interior do país em recente editorial. O pretexto foram as medidas divulgadas pelo governo de premiar com “subsídios” os jovens profissionais que se instalarem no interior. Manuel Carvalho critica esta estratégia. E faz bem.
É atribuída a Albert Einstein a ideia de que é uma loucura querer resultados diferentes fazendo tudo exactamente igual. O governo quer desmentir Einstein.
Continuar a achar que cabe ao Estado organizar a vida das pessoas com menos de 5000 € ao ponto de lhes indicar onde devem viver e trabalhar, é um tique estatista que julgava estar já ultrapassado. Mas também não é, como defende Manuel Carvalho, um jornalista prestigiado que muito prezo, privilegiando investimentos em infra-estruturas como a execução da Linha do Douro até Espanha, que se promove o desenvolvimento do interior.
O governo e o diretor do PÚBLICO parecem afinar pelo mesmo diapasão: querem levar pessoas “à bruta” para os territórios de baixa densidade. Para fazer o quê? Onde está a atividade económica e o emprego bem valorizado para motivar face ao nível mais baixo da envolvente? Que produtos turísticos tem o Douro para ter a veleidade de incrementar o número de visitantes?
Temos de pensar em soluções alternativas e propostas fora da caixa. Com limitados recursos financeiros, temos que deixar de apostar no combate às assimetrias baseado no incorpóreo. Porque não constituir uma sociedade de desenvolvimento com um fundo de capital e para aí canalizar em planos de negócio e projetos os cerca de 180 milhões de euros que irá custar a linha do Douro até Espanha? Qual será a estratégia que melhor desenvolve o Douro no curto e médio prazos, estender a linha de caminho-de-ferro até Espanha ou a minha proposta?
Porque não apostar e investir na animação turística das regiões e das cidades do Interior e na promoção internacional digital da marca Douro? Os recursos financeiros têm de alocados às estratégias que se apresentem mais eficazes. E deixo aqui uma outra ideia, que devia ser agarrada pelo PÚBLICO, como jornal de referência: lançar um referendo nacional, questionando os portugueses se querem que 50% dos fundos comunitários do próximo quadro comunitário de apoio sejam canalizados para investir no Interior?
O Interior só inverterá o despovoamento com políticas “hard”, pois as “soft” já mostraram que valem pouco.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico