SOS Marega relança Liga e põe Guimarães nas bocas do mundo
Maliano assinou o golo da vitória que deixa o FC Porto a um ponto da liderança. Pouco depois, abandonou o relvado, vítima de insultos racistas.
Não foi edificante a vitória que colocou o FC Porto à ilharga do líder da Liga (agora a um escasso ponto do Benfica). O triunfo sobre o V. Guimarães (1-2), na 21.ª jornada, acabou envolto numa polémica — em torno de Marega — que tem todos os ingredientes necessários para dar a volta ao mundo.
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Não foi edificante a vitória que colocou o FC Porto à ilharga do líder da Liga (agora a um escasso ponto do Benfica). O triunfo sobre o V. Guimarães (1-2), na 21.ª jornada, acabou envolto numa polémica — em torno de Marega — que tem todos os ingredientes necessários para dar a volta ao mundo.
Renascido das cinzas no último clássico, que precipitou o Benfica para a mesma “armadilha” que o Sp. Braga montara na visita ao Dragão, a equipa de Sérgio Conceição estava terminantemente proibida de escorregar em Guimarães, onde na época passada começou a hipotecar o bicampeonato. Por isso, mais do que nunca, a formação “azul e branca” surgiu empenhada em devolver a “gentileza” de Bruno Lage: recuperar os sete pontos que ainda há uma semana separavam primeiro e segundo no campeonato. A tarefa levou o FC Porto, ainda sem Pepe e Danilo e com Corona a lateral, a abordar a partida com irresistível determinação.
Um fogo avivado pela perfeita consciência dos riscos do duríssimo teste de Guimarães, anfiteatro que o técnico portista assumiu conhecer bem. A intensidade do jogo dos “dragões” revelou-se intolerável mesmo para um conjunto que acabara de golear (0-7) a equipa-sensação da Liga, em Famalicão.
Como tal, o FC Porto não demorou muito a colocar-se em vantagem, na sequência de uma investida pelo flanco esquerdo, com Zé Luís a cruzar atrasado para o disparo, à barra, de Sérgio Oliveira. A bola devolvida pelo ferro bateria em Douglas para trair toda a estratégia minhota — aos 10 minutos, o V. Guimarães era obrigado abdicar de uma atitude mais expectante para expor-se ao risco de sofrer um novo golo. Cenário que só não se confirmou porque os remates de Zé Luís e de Marega não levavam as coordenadas da baliza.
Aliás, o FC Porto acabaria mesmo a primeira parte sem qualquer remate enquadrado, terminando o jogo apenas com o golo de Marega.
A equipa vimaranense reagiu e Marchesín seria mesmo chamado a sacudir um “tiro” de Pedro Rodrigues apenas um minuto depois de Marcano ter evitado o golo de Marcus Edwards (18’) praticamente em cima da linha.
O V. Guimarães estava de volta ao combate e criava sérios problemas aos “dragões”, que ainda viram Bruno Duarte acertar no poste, embora o lance estivesse ferido de ilegalidade, por fora-de-jogo.
No regresso das cabinas, o Vitória acabaria mesmo por chegar ao empate, num golo de Bruno Duarte, a explorar duas falhas incompreensíveis dos portistas: displicente, Uribe permitiu que Ola John, numa reposição de bola de Douglas, ganhasse a bola e o espaço para poder ir à linha cruzar, com Marchesín a hesitar e a falhar uma saída simples, permitindo o cabeceamento do avançado brasileiro, que teve de baixar-se para fazer o golo.
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O FC Porto acusava o toque e sofria como nunca até então às mãos de um adversário competente e cada vez mais confiante e perigoso, mas com os mesmos problemas de eficácia que têm custado pontos à equipa de Ivo Vieira. Faceta que acabaria por ditar mais uma derrota numa exibição positiva, apenas manchada por factores externos.
Assim, num lance típico de futebol directo, com Marega a ser solicitado na profundidade por Mbemba, o FC Porto voltava a marcar pelo maliano. Contudo, o SOS Marega, providencial para a candidatura portista, provocaria um verdadeiro tumulto quando o avançado, pouco depois, se recusou a prosseguir em campo, apesar dos apelos de colegas e adversários. Tudo na sequência de manifestações de racismo, saídas das bancadas, que afectaram profundamente o encontro a cerca de 20 minutos dos 90 regulamentares.
A partir daí, o jogo entrou numa espécie de túnel do tempo, com o FC Porto, após um falhanço de Corona, ansiosamente à espera do apito final, enquanto o Vitória, apesar de Ivo Vieira ter apostado tudo com a entrada de Davidson, Bonatini e João Pedro, se esgotava, capitulando depois de uma última oportunidade desperdiçada por Davidson.