Ensinar a programar será a nova alfabetização?
Já não vamos a tempo de alfabetizar tudo e todos, mas vamos mais do que a tempo de colocar em curso a nova alfabetização do século XXI junto das nossas crianças.
Ao longo dos séculos o ser humano foi adaptando aquilo que foi necessário aprender e posteriormente ensinar. Nos séculos XIX e XX decidimos colocar cada disciplina numa caixa individual, desenvolvendo indivíduos super especializados numa determinada área e não no seu todo, como era apanágio desde a Roma Antiga, passando pelo Renascimento. Fizemos da prática de decorar conhecimentos uma autêntica arte, arte essa que é, na maioria das vezes, um factor de decisão para se ser bem-sucedido num cenário de avaliação de conhecimentos. A alfabetização tradicional percorreu o mundo, mas agora deve adaptar-se à nova linguagem do século XXI.
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Ao longo dos séculos o ser humano foi adaptando aquilo que foi necessário aprender e posteriormente ensinar. Nos séculos XIX e XX decidimos colocar cada disciplina numa caixa individual, desenvolvendo indivíduos super especializados numa determinada área e não no seu todo, como era apanágio desde a Roma Antiga, passando pelo Renascimento. Fizemos da prática de decorar conhecimentos uma autêntica arte, arte essa que é, na maioria das vezes, um factor de decisão para se ser bem-sucedido num cenário de avaliação de conhecimentos. A alfabetização tradicional percorreu o mundo, mas agora deve adaptar-se à nova linguagem do século XXI.
Vivemos na era da tecnologia, do software, dos smartphones, da Internet. O mundo mudou e nós mudamos com ele e não podemos esperar que os nossos nativos digitais, as nossas crianças, sejam apenas meros utilizadores da tecnologia como acabamos por ser todos nós adultos, uma espécie de emigrantes digitais.
A maioria de nós usa a tecnologia sem pensarmos como as coisas são feitas, processadas e pensadas. Somos, portanto, ignorantes tecnológicos porque para conhecer não basta saber utilizar. Saber como as coisas são feitas muda a forma como as pessoas as utilizam.
Deveríamos educar desde cedo para os perigos da Internet, mostrando, por exemplo, aquilo que é necessário fazer informaticamente para manter passwords em segurança e por aí fora, sendo assim possível modificar a forma como as novas gerações utilizam a web. A educação deve acompanhar as mudanças dos tempos. Andamos todos com um smartphone na mão, acendemos o ecrã de um computador ou de um tablet, portanto faz sentido que aprendamos a não ser meros utilizadores destes aparelhos e desenvolvamos sentido crítico perante os mesmos.
A forma de o obtermos passa por colocar em curso uma autêntica alfabetização digital junto das nossas crianças. Não podemos, ainda assim, descuidar o lado emocional do ser humano, por isso todos estes conhecimentos devem ser ensinados em paralelo com o fornecimento de ferramentas que desenvolvam o quociente emocional das crianças. A par disto, devemos acrescentar ao currículo de ensino a formação base de reanimação cardiopulmonar, formação essa que tem sido posta em prática (e bem) em muitas escolas e que deveria ser um dos braços de conhecimento de todos os seres humanos sem excepção, com vista à possibilidade de salvar vidas humanas.
Já não vamos a tempo de alfabetizar tudo e todos, mas vamos mais do que a tempo de colocar em curso a nova alfabetização do século XXI junto das nossas crianças, ensinando-lhes esta nova linguagem que promete ser muito mais do que um ecrã negro preenchido a letras verdes. Dizia Steve Jobs que todos nos Estados Unidos deveriam aprender a programar porque isso ensina a pensar. Este conselho deve ser replicado para a escala e “escola” mundiais.
Infelizmente, em momento algum o sistema de educação público pergunta aos pais aquilo que acham que os filhos deveriam aprender na escola para estes serem no futuro indivíduos mais completos, mais preparados para o mundo que vão conhecer e enfrentar. Estará a escola do presente a cumprir o seu papel e a acompanhar a evolução do mundo?