Defesa de Rui Pinto quer chamar Edward Snowden para ser testemunha

Revelação foi feita ao PÚBLICO pelo advogado de Rui Pinto, William Bourdon. Antoine Deltour, denunciante dos Luxleaks, está confirmado como testemunha. Eurodeputados e outras figuras importantes também podem ser chamados pela defesa.

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Edward Snowden BRENDAN MCDERMID /REUTERS

A defesa de Rui Pinto quer chamar Edward Snowden, que denunciou um esquema maciço de videovigilância nos Estados Unidos,​ como testemunha abonatória de Rui Pinto, disse o advogado William Bourdon ao PÚBLICO.

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A defesa de Rui Pinto quer chamar Edward Snowden, que denunciou um esquema maciço de videovigilância nos Estados Unidos,​ como testemunha abonatória de Rui Pinto, disse o advogado William Bourdon ao PÚBLICO.

O advogado do hacker português, que também representou Snowden e Deltour, explicou ao PÚBLICO, por escrito, que o testemunho do ex-administrador de sistemas da CIA seria feito através de vídeo, caso se venha a concretizar. O denunciante encontra-se, actualmente, em território russo.

William Bourdon adiantou também que Antoine Deltour, denunciante do caso Luxleaks, já está confirmado como testemunha da defesa no julgamento. O francês trabalhou na PricewaterhouseCoopers (PwC) e descobriu, já depois de ter deixado a empresa, documentos que mostravam acordos fiscais secretos entre o Governo luxemburguês e 340 multinacionais. As empresas conseguiam, desta forma, fugir ao pagamento de impostos no valor de vários milhões de euros.

“Queremos chamar whistleblowers [denunciantes], eurodeputados e outras figuras de interesse para apoiarem Rui Pinto em tribunal”, disse o advogado francês esta sexta-feira, numa conferência em Lisboa.

O caso de Deltour assemelha-se ao de Rui Pinto: tal como o hacker português, também o francês teve problemas com as autoridades. Foi acusado de violação do segredo comercial e roubo, tendo sido condenado na primeira instância a pena suspensa de prisão de 12 meses. Depois de um recurso, a pena de prisão desceu para os seis meses, mas Deltour ficou obrigado ao pagamento de 1500 euros de indemnização. Em 2018, o Supremo Tribunal do Luxemburgo decidiu atribuir-lhe o estatuto de denunciante, colocando-o em liberdade.

Rui Pinto está em prisão preventiva desde 22 de Março do ano passado. Esta sexta-feira, em Lisboa, realizou-se uma conferência de imprensa com os representantes das várias organizações que trabalharam com Rui Pinto durante as revelações do Football Leaks e Luanda Leaks.

Já durante a conferência, William Bourdon tinha comparado Rui Pinto aos denunciantes anteriormente representados pelo advogado. “Acreditámos que os motivos que motivaram Rui Pinto são tão puros quanto os de Snowden. Ele não tem interesse algum por dinheiro. No caso da Doyen, participou num jogo infantil e tentou perceber se o fundo de investimento mordia o isco”, afirmou.

Bourdon acusou ainda a Justiça portuguesa de não ter investigado as denúncias feitas por Rui Pinto, garantindo ter provas de que o seu cliente tentou alertar as autoridades para os dados que recolheu.

O advogado português de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, afirmou que, após uma visita realizada esta sexta-feira, o hacker continua disposto a colaborar com as autoridades portuguesas.