Candidato de Macron à câmara de Paris desiste após divulgação de vídeo sexual
A um mês da primeira volta das eleições municipais, o partido A República em Marcha tem de substituir o seu cabeça de lista na capital, numas eleições que dividiram os apoiantes de Macron desde o início.
Benjamin Griveaux, o candidato às eleições municipais em Paris do partido A República em Marcha, do Presidente francês Emmanuel Macron, afastou-se nesta sexta-feira da corrida devido à divulgação de imagens suas retiradas de vídeos de conteúdo sexual.
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Benjamin Griveaux, o candidato às eleições municipais em Paris do partido A República em Marcha, do Presidente francês Emmanuel Macron, afastou-se nesta sexta-feira da corrida devido à divulgação de imagens suas retiradas de vídeos de conteúdo sexual.
“Um site e as redes sociais lançaram um ataque vil contra a minha vida privada. A minha família não merece o que está a acontecer. Ninguém devia ser submetido a este tipo de abuso”, disse Benjamin Griveaux, que foi porta-voz do Governo. Benjamin Griveaux estava em terceiro lugar nas preferências dos eleitores parisienses, a seguir a Anne Hidalgo (a actual presidente da Câmara, socialista) e Rachida Dati (do partido Os Republicanos).
Um site registado em nome do artista russo Piotr Pavlenski, refugiado em França desde 2017, publicou um vídeo e um artigo com messagens dirigidas a uma mulher, afirmando que seriam de Griveaux. O objectivo do site, diz Pavlenski, citado pelo jornal Le Parisien, “é denunciar os altos funcionários e representantes políticos que mentem aos seus eleitores e impõem à sociedade o puritanismo que eles próprios desprezam”.
Performer e activista político, Piotr Pavlenski ficou conhecido na Rússia, em 2012, por ter cosido os lábios para defender a liberdade de expressão, em apoio à banda punk feminina Pussy Riot, cujos elementos foram condenados a penas de prisão. Incendiou os portões da sede do antigo KGB e cortou parte da sua própria orelha, noutra performance. Já em França, incendiou a fachada de uma agência do Banco de França, na Praça da Bastilha, em Paris - em Janeiro de 2019 foi condenado a três anos de prisão, dois dos quais em pena suspensa. No julgamento, gritou “Viva os Coletes Amarelos”, relata o Parisien.
A um mês da primeira volta das eleições municipais (15 de Março, com a segunda volta a 22), este episódio vem lançar ainda mais caos na corrida à câmara de Paris, que tem sido este ano um processo especialmente atribulado. Griveaux era o candidato do A República em Marcha, depois de uma guerra fratricida entre os macronistas parisienses, que levou a uma fractura entre dois campos: os que apoiavam Griveaux, que teve o apoio do Presidente, e os que continuaram fiéis à candidatura do deputado e célebre matemático Cédric Villani, que recusou desistir.
Villani, galardoado com a medalha Fields (um prémio atribuído a matemáticos com menos de 40 anos pela União Internacional de Matemática e que é uma das mais cobiçadas distinções desta área da ciência), continua na corrida como candidato independente e assenta o seu programa na educação e na ecologia. Face à publicação do vídeo de Griveaux, não procurou tirar dividendos, pelo menos directamente. Disse, no Twitter, estar-se perante “uma ameaça grave à democracia”.
Mas foi da área política da República em Marcha - mais concretamente, de um deputado que deixou o grupo parlamentar em Dezembro de 2018, Joachim Son Forget - que partiu a divulgação de existência de um site com o vídeo de Griveaux. Num programa de televisão na quarta-feira, partilhou o link do site que até então permanecia mais ou menos desconhecido, e disse que era preciso averiguar o que se passava. “Espero que estes aflitivos vídeos sexuais que incriminam Benjamin Griveaux sejam desmentidos pelo interessado, pois uma tal difamação seria extremamente grave na campanha por Paris”, tweetou depois, na quinta-feira, criando a bola de neve que levou ao afastamento do candidato.
Griveaux, casado e pai de três filhos, optou por desistir da corrida. Disse à agência AFP que se reuniu com o Presidente Macron e que este lhe deu o seu apoio, “fosse qual fosse a decisão”, mas que o incitou a “proteger os seus”. Reconheceu que lhe custava tomar a decisão, mas explicou que tem as prioridades “claras” e que a família está “em primeiro lugar”. Não quis pronunciar-se sobre o conteúdo do vídeo – ou sequer responder se era verdadeiro.