Direcção da Academia de Cinema Francesa demite-se a 15 dias dos Césares

Decisão anunciada após criticas contundentes à opacidade e à falta de diversidade da instituição, e também das polémicas à volta de Roman Polanski, cujo J’ Accuse – O Oficial e o Espião lidera destacado a corrida aos prémios cinematográficos.

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O produtor Alain Terzian ETIENNE LAURENT/LUSA

A avalanche de críticas à gestão e ao funcionamento interno da Academia de Cinema Francesa e as polémicas em torno do realizador Roman Polanski, cujo filme J’ Accuse – O Oficial e o Espião domina as nomeações (12, no total) aos Césares, precipitaram a decisão: a direcção da instituição, presidida pelo produtor Alain Terzian, pediu a demissão. A decisão surge a cerca de 15 dias da cerimónia de entrega dos maiores prémios do cinema francês, marcada para 28 de Fevereiro em Paris.

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A avalanche de críticas à gestão e ao funcionamento interno da Academia de Cinema Francesa e as polémicas em torno do realizador Roman Polanski, cujo filme J’ Accuse – O Oficial e o Espião domina as nomeações (12, no total) aos Césares, precipitaram a decisão: a direcção da instituição, presidida pelo produtor Alain Terzian, pediu a demissão. A decisão surge a cerca de 15 dias da cerimónia de entrega dos maiores prémios do cinema francês, marcada para 28 de Fevereiro em Paris.

“Para honrar aqueles e aquelas que fizeram cinema em 2019 e para encontrar a serenidade, e fazer com que a festa do cinema continue a ser uma festa, o conselho administrativo […] decidiu pedir a demissão por unanimidade”, pode ler-se no comunicado divulgado na quinta-feira. “Esta demissão colectiva permitirá que seja feita uma renovação completa da direcção”, lê-se a seguir.

A demissão da direcção da Academia de Cinema Francesa ocorre depois da publicação, na última segunda-feira, de uma carta aberta no jornal Le Monde em que cerca de 400 personalidades do meio, entre realizadores, actores e produtores, reivindicavam uma “reforma profunda” da Academia em nome da transparência, da democracia e da diversidade. No texto, o organismo que tutela os Césares era acusado de “mau funcionamento”, de “falta de transparência na contabilidade” e de ter estatutos elitistas que “não mudam há demasiado tempo”, baseados na “cooptação.” Antes da carta, a Academia havia anunciado que iriam ser tomadas medidas para atingir a paridade de género na administração, na assembleia geral e entre os votantes aos prémios (que contam actualmente com apenas 35% de mulheres).

Mas essas intenções não apaziguaram os ânimos. Na quarta-feira, o jornal Le Parisien publicou um apelo de várias associações feministas ao voto contra o filme de Roman Polanski, no contexto das várias acusações de abusos e violência sexual, negadas pelo próprio, que existem contra o cineasta, além do caso pelo qual foi julgado. As mesmas associações convocaram uma manifestação que decorrerá em frente à Salle Pleyel, em Paris, no dia da cerimónia dos Césares.