O Ponto Azul-Claro a que chamamos casa
A ideia da icónica fotografia partiu de Carl Sagan. A sonda Voyager 1 estava a 14 de Fevereiro de 1990 já para lá de Plutão, a cerca de 6400 milhões de quilómetros de distância da Terra, o Ponto Azul-Claro.
Hoje, 14 de Fevereiro, celebramos o 30º aniversário do Ponto Azul-Claro, uma fotografia do nosso planeta tirada pela sonda espacial Voyager 1. Nesta imagem vemos a Terra como um pequeno ponto na imensidão do espaço, mudando a forma de como vemos a Terra e forçando-nos a vê-la como simples ponto celeste perdido na vastidão do nosso Universo.
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Hoje, 14 de Fevereiro, celebramos o 30º aniversário do Ponto Azul-Claro, uma fotografia do nosso planeta tirada pela sonda espacial Voyager 1. Nesta imagem vemos a Terra como um pequeno ponto na imensidão do espaço, mudando a forma de como vemos a Terra e forçando-nos a vê-la como simples ponto celeste perdido na vastidão do nosso Universo.
Do espaço, a Terra não é delimitada pelas fronteiras artificialmente definidas pelo homem: vemos mares e oceanos, uma massa de terra com diferentes cores, dependendo da sua cobertura (ou não) de vegetação e uma atmosfera dinâmica e em constante mutação. Um planeta único, frágil, complexo e maravilhoso ao qual nos é impossível ficar indiferentes e cuja fotografia nos revela que a nossa identidade como cidadãos deste planeta transcende fronteiras geográficas ou políticas; somos uma única comunidade: humanidade.
Presentemente, enfrentamos alguns dos maiores desafios da nossa sociedade que são globais: pandemias, migrações forçadas de populações e o maior desafio de todos: as alterações climáticas. O filósofo croata, Srećko Horvat, no seu último livro — Poesia do Futuro — avisa que “sem este sentimento de todo, não há escapatória” para os problemas globais que enfrentamos. Trinta anos depois desta imagem histórica, é essencial que, em conjunto, tomemos medidas urgentes e eficazes para salvaguardar o nosso planeta.
Nas salas de aula do ensino básico de todo o mundo continuamos a ensinar com um globo terrestre geopolítico, no qual os alunos desde muito cedo aprendem que o mundo está dividido em fronteiras imaginárias entre eles e nós, os de lá e dos de cá. O projecto que coordeno, “Universe Awareness”, tem vindo a equipar salas de aula com globos terrestres que representam realisticamente o nosso planeta. Em mais de 10 mil salas de aula espalhadas por 60 países, as crianças começam a conhecer a Terra como um planeta tal como o vemos do espaço, a perceber a sua composição física e a também fomentar noções de cidadania global. Movimentos como a “Greve Climática Estudantil/Sextas para o Futuro” também têm reunido milhares de jovens por todo o mundo a exigir (com algum sucesso) acção política global para combater as alterações climáticas.
Relembrarmos o Ponto Azul-Claro é relembrarmos a nossa responsabilidade como humanidade para protegermos o nosso planeta. A ideia da fotografia do Ponto Azul-Claro partiu de Carl Sagan — astrónomo e um dos maiores comunicadores de ciência do século XX — que resumiu a importância social desta fotografia: “Não há melhor demonstração da injustificável presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, para preservarmos e protegermos o Ponto Azul-Claro, o único lar que conhecemos até hoje.”