Mais 121 mortos em toda a China, mas aumento “não significa que a epidemia esteja a aumentar”

Em Portugal, serão repetidas as análises no grupo de 20 repatriados vindos de Wuhan.

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Reuters/STRINGER

A Comissão Nacional de Saúde chinesa reportou nesta sexta-feira 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1380 o número total de vítimas mortais em todo país. O número de infectados cresceu 5090, para 63.581, em toda a China continental, o que exclui Macau e Hong Kong.

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A Comissão Nacional de Saúde chinesa reportou nesta sexta-feira 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1380 o número total de vítimas mortais em todo país. O número de infectados cresceu 5090, para 63.581, em toda a China continental, o que exclui Macau e Hong Kong.

Na quinta-feira, foi registado um aumento vertiginoso dos casos de coronavírus devido a uma mudança nos critérios de diagnóstico. Passou-se a usar exames de TAC aos pulmões para identificar pacientes infectados, e não apenas análises ao sangue - o que não só é mais rápido como pode fazer com que se identifiquem erradamente doentes, pois a pneumonia pode ter outras origens que não o novo vírus. O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças afirmou hoje que, apesar do aumento do número casos de Covid-19, devido ao novo método de contagem chinês, tal “não significa que a epidemia esteja a aumentar”.

“As autoridades chinesas confirmaram que mudaram o método como os casos estão a ser contabilizados [...], incluindo agora todos os casos suspeitos com diagnóstico clínico de pneumonia, o que significa que estes novos casos não foram necessariamente confirmados em laboratório como tendo Covid-19”, indica o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês) numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

De acordo com este centro, que faz a monitorização do Covid-19 na Europa, “apesar da mudança [na contagem], não se pode comparar o número de casos relatados até agora com este novo número [das autoridades chinesas] e isso não significa necessariamente que a epidemia esteja a aumentar na China”.

Segundo a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, esta alteração é “normal e legítima”, uma vez que passa a basear-se em critérios clínicos e em exames radiológicos que confirmem uma pneumonia. A alteração deste critério permitiu, segundo Graça Freitas, incluir nos infectados, de modo retrospectivo, pessoas doentes e que não chegaram a fazer análise laboratorial. Por outro lado, pode melhorar a capacidade de tratamento, uma vez que os doentes passam de imediato a receber tratamento, mesmo antes ou sem a confirmação laboratorial.

Na província de Hubei, centro da epidemia, foram registados 116 mortos, nas últimas 24 horas, fixando o total em 1318, e registou 4823 novos casos, segundo a Comissão Nacional de Saúde. No entanto, um comunicado emitido ao início da manhã (hora local) na China pelas autoridades de Hubei fixou o número total de mortos na província em 1426.

A Comissão Nacional de Saúde chinesa informou ainda que entre os novos casos registados a nível nacional, 2174 são graves, enquanto 1081 pessoas receberam alta após superarem a doença. Segundo o ECDC, existem, neste momento, 35 casos confirmados na União Europeia (UE): 16 na Alemanha, 11 em França, três em Itália, dois em Espanha e um na Bélgica, na Finlândia e na Suécia. A estes acrescem, na Europa, nove casos no Reino Unido. Por isso, o ECDC considera que, “actualmente, o risco de infecção por SARS-CoV-2 para a população da UE, Espaço Económico Europeu e Reino Unido é baixo”. Mais de 490.000 pessoas que estiveram em contacto próximo com pacientes estão a ser acompanhadas, segundo as autoridades.

Os atrasos no diagnóstico do vírus podem ser significativos, já que muitos pacientes aguardam até uma semana pelos resultados dos exames em laboratório, que são enviados para Pequim.

Permitir que os médicos diagnostiquem directamente os pacientes permitirá que mais pessoas recebam tratamento, inclusive em vários hospitais construídos de raiz em Wuhan, capital de Hubei, especificamente para o tratamento de infectados com o Covid-19.

Para além da China continental, Hong Kong e as Filipinas reportaram um morto cada e, embora trinta países tenham diagnosticado casos de pneumonia por Covid-19, a China responde por cerca de 99% dos infectados.

Análises a repatriados portugueses são repetidas 

As análises ao novo coronavírus no grupo de 20 repatriados da China que está em isolamento voluntário no hospital Pulido Valente, em Lisboa, vão ser repetidas na manhã desta sexta-feira. Segundo disse à agência Lusa a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, uma equipa do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge estará pelas 9h30 no Pulido Valente para fazer a recolha das amostras respiratórias aos 18 portugueses e duas brasileiras que vieram da China e que chegaram a Lisboa no dia 2.

Graça Freitas adiantou que o resultado destas análises será conhecido “algumas horas depois”, durante a tarde.

As primeiras análises a estas pessoas deram negativo para o novo coronavírus. Desde o dia 2 de Fevereiro que os 20 cidadãos estão instalados no Hospital Pulido Valente (Centro Hospitalar de Lisboa Norte), num isolamento voluntário que tem essencialmente carácter preventivo.