Presidente do Brasil chama “lixo” à Greenpeace

Jair Bolsonaro comentava os incêndios na Amazónia no ano passado e as críticas ao reactivamento do Conselho Nacional da Amazónia, que excluiu os governadores.

Foto
Jair Bolsonaro Reuters/ADRIANO MACHADO

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, chamou nesta quinta-feira “lixo” à Greenpeace, num novo ataque às organizações não-governamentais que consideram a sua política ambiental prejudicial à Amazónia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, chamou nesta quinta-feira “lixo” à Greenpeace, num novo ataque às organizações não-governamentais que consideram a sua política ambiental prejudicial à Amazónia.

“Quem é Greenpeace? Quem é essa porcaria chamada Greenpeace? Isso é um lixo”, disse o chefe de Estado a jornalistas à saída do Palácio da Alvorada, em Brasília. Respondia a uma pergunta sobre as críticas da organização ao Conselho Nacional da Amazónia.

O órgão, fundado em 1995 para coordenar políticas governamentais vinculadas aos territórios que abrigam a floresta amazónica, não funciona há anos. O Governo decidiu reactivá-lo por decreto na terça-feira, pondo-o sob a supervisão do vice-presidente, Hamilton Mourão, com a participação de 14 ministérios, mas excluindo os governadores dos estados envolvidos, gerando muitas críticas.

“Este conselho não tem plano, meta ou orçamento. Ele não reverterá a política anti-ambiental do Governo e não visa combater a desflorestação”, afirmou em comunicado, na terça-feira, a organização ambientalista Greenpeace.

O ressurgimento de incêndios florestais no país, especialmente em Agosto e Setembro do ano passado, provocou uma forte resposta internacional, mas o Presidente brasileiro considerou as críticas como ameaças à soberania do Brasil sobre a Amazónia.

“Houve incêndios florestais na Austrália e ninguém disse nada. Ontem, o Papa Francisco disse que a Amazónia era dele, que era de todos. O Papa é argentino, mas Deus é brasileiro “, disse esta quinta-feira Jair Bolsonaro.

Na quarta-feira, o Papa Francisco publicou uma “exortação apostólica”, intitulada “Querida Amazónia” (Querida Amazónia), na qual defendia a preservação da floresta virgem, acusando em particular as multinacionais de terem cortado as veias de nossa mãe Terra.

A Greenpeace já esteve na mira do Governo brasileiro no passado. Em Outubro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insinuou na rede social Twitter que um navio de organização podia ter causado o derramamento de crude que contaminou mais de 2000 quilómetros da costa brasileira.

A taxa de desflorestação da Amazónia brasileira aumentou 29,5% entre Agosto de 2018 e Julho de 2019 face ao mesmo período anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O órgão ligado ao Governo brasileiro informou que, no período, a maior floresta tropical do mundo perdeu 9762 quilómetros quadrados de sua cobertura vegetal, atingindo o maior nível de desflorestação registados no país desde 2008.

Os números divulgados pelo INPE são do Projecto de Monitoramento do Desmatamento na Amazónia Legal por Satélite (Prodes), que calcula a perda de vegetação usando satélites e é considerado o mais preciso para medir as taxas anuais.

A Amazónia, a maior floresta tropical do mundo que possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).