Cientistas encontram vestígios de “população fantasma” em África
Ao analisar os genes de quatro populações africanas, investigadores descobrem vestígios de ADN pertencentes a antepassados desconhecidos.
Cientistas encontraram vestígios de antepassados pertencentes a uma “população fantasma” que vivia em África, há cerca de meio milhão de anos, cujos genes ainda podem ser encontrados.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Cientistas encontraram vestígios de antepassados pertencentes a uma “população fantasma” que vivia em África, há cerca de meio milhão de anos, cujos genes ainda podem ser encontrados.
Ao analisar os genes de populações do oeste africano, os investigadores encontraram vestígios de um antepassado desconhecido e descobriram que um quinto do ADN pode ter vindo de antepassados desconhecidos.
Os especialistas em genética suspeitam que, há dezenas de milhares de anos, os africanos ocidentais procriaram com os antepassados desconhecidos, tal como os europeus e os Neandertais fizeram.
Sriram Sankararaman, biólogo computacional que lidera a equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos EUA, disse ao jornal The Guardian que “nos ocidentais africanos estudados, todos tinham descendência de uma população arcaica desconhecida”.
Sankararaman e Arun Durvasula analisaram 405 genes de quatro populações do oeste africano (duas da Nigéria, uma da Gâmbia e outra de Serra Leoa) e usaram técnicas estatísticas para descobrir se o cruzamento genético teria acontecido num passado distante. Em todos os casos, os resultados sugeriram que sim.
Os cientistas procuraram registos diferentes de ADN nos genes africanos modernos e perceberam que, ao que tudo indica, vieram de antepassados. Ao comparar estes genes com os dos Neandertais e os denisovanos, os investigadores concluíram que o ADN era de um grupo de antepassados desconhecido.
Sankararaman admite que os antepassados tiveram “um impacto muito significativo nos genes dos indivíduos estudados”, uma vez que “são responsáveis por 2% a 19% da sua ascendência genética”. De acordo com as melhores estimativas dos peritos, a “população fantasma” separou-se dos Neandertais e dos humanos modernos entre 360 mil e um milhão de anos atrás.
Os investigadores estão agora empenhados em aprofundar o estudo sobre os genes encontrados. A investigação desenvolvida por Sankararaman e a sua equipa foi publicada, esta quarta-feira, na revista científica “Science Advances”.