Mobile World Congress em Barcelona cancelado devido ao coronavírus
É a primeira vez que a organização cancela o evento em 33 anos de história. Horas antes, a organização responsável pela feira tinha dito ao PÚBLICO que estava a “monitorizar” a evolução da situação, mas mantinha planos para abrir as portas da feira a 24 de Fevereiro.
O Mobile World Congress (MWC) já não vai acontecer este ano depois do cancelamento de dezenas de empresas ― incluindo o Facebook, a Sony e a Amazon ― com base em receios associados ao surto do novo coronavírus e às restrições de viagens associadas. A decisão de cancelar a grande feira de Barcelona dedicada à tecnologia do sector móvel, que ocorre todos os anos em Fevereiro, veio depois de uma reunião de emergência entre as autoridades de saúde espanholas e a organização da feira, que começou no início da tarde desta quarta-feira e durou mais de seis horas.
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O Mobile World Congress (MWC) já não vai acontecer este ano depois do cancelamento de dezenas de empresas ― incluindo o Facebook, a Sony e a Amazon ― com base em receios associados ao surto do novo coronavírus e às restrições de viagens associadas. A decisão de cancelar a grande feira de Barcelona dedicada à tecnologia do sector móvel, que ocorre todos os anos em Fevereiro, veio depois de uma reunião de emergência entre as autoridades de saúde espanholas e a organização da feira, que começou no início da tarde desta quarta-feira e durou mais de seis horas.
“A preocupação global em torno do surto do novo coronavírus, as preocupações associadas às viagens e outras circunstâncias relacionadas, fazem com que seja impossível que a GSMA mantenha a realização do evento”, lê-se num comunicado enviado às redacções. “A GSMA e os seus parceiros na cidade [de Barcelona] vão continuar a trabalhar em uníssono e a colaborar para preparar o MWC Barcelona 2021”.
Às 14 horas, num outro email enviado às redacções, a organização ainda dizia que o evento se ia realizar.
Os problemas começaram a 7 de Fevereiro com várias empresas a cancelarem a sua participação. Esta quarta-feira, o Facebook, a Intel, e a fabricante de smartphones chinesa Vivo foram as empresas mais recentes a anunciar que não iam estar presentes no evento, citando preocupações de segurança. Somavam-se nomes como a LG, Nvidia, McAfee, Ericsson, Amazon, Sony. A justificação era a mesma para todas: evitar viagens desnecessárias para clientes, parceiros, e funcionários numa altura em que o surto de coronavírus (Covid-19) foi declarado como uma emergência global pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
É a primeira vez que a organização cancela o evento em 33 anos de história. Este ano, a feira esperava mais de 109 mil participantes de todo o mundo. Desde 1987, ano de inauguração da MWC, que o evento é usado por muitas empresas para apresentarem as novidades e as inovações para o sector. Em 2019, foi o palco do primeiro telemóvel dobrável da Huawei.
Com o número de desistências a aumentar, esta manhã o jornal espanhol El País avançou que tinha sido convocada uma reunião de emergência sobre o futuro do evento para as 13h de Lisboa. Ao começo da tarde, a equipa da GSMA não confirmava a informação. Questionado pelo PÚBLICO, um porta-voz da organização notava apenas que que a situação com o novo coronavírus estava “em permanente mudança” e exigia uma monitorização constante. “Isso inclui reuniões regulares com profissionais de saúde de Espanha e do mundo – bem como com os nossos parceiros – para garantir o bem-estar dos participantes”, lê-se no email enviado ao PÚBLICO. A equipa da GSMA acrescentava que estavam a ser tomadas várias medidas preventivas para garantir a realização do evento.
Por exemplo, participantes a viajar da província chinesa de Hubei, onde o surto do novo coronavírus teve início, estavam proibidos de participar na feira. Além disto, todos os viajantes da China tinham de provar que tinham saído do país há mais de 14 dias. E a GSMA estava a criar vários pontos de controlo de temperatura na feira e recomendava uma política de “evitar apertos de mão” desnecessários.
Em declarações à imprensa na terça-feira, o ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, insistia que não havia motivos para cancelar o evento, mas dizia que iam ser anunciadas novas medidas preventivas para o MWC esta quarta-feira.
O custo de cancelar
Além de as empresas que cancelam a sua participação perderem milhares de euros em bilhetes e abdicarem da exposição, o sector hoteleiro de Barcelona fica a perder com vários hotéis e restaurantes a receberem cancelamentos de reservas.
Nem todas as empresas desistiram do evento. Por exemplo, a fabricante de telemóveis chinesa Xiaomi manteve a presença até ao fim, embora dissesse que não ia convidar jornalistas chineses para a conferência e a sul-coreana Samsung dizia estar a reduzir a sua presença. A chinesa Huawei também não cancelou a participação – promovendo, inclusive, uma apresentação para o dia “zero” do evento, a 23 de Fevereiro.
Segundo os dados mais recentes da OMS, o novo coronavírus já provocou mais de 1110 mortos na China e mais de 44 mil infectados. Na Espanha, ainda não há registo de vítimas mortais. Foram detectados dois casos de pessoas infectadas no país até à data.
Actualização 12/02/2020: A primeira versão da notícia dizia que o evento não ia ser cancelado com base em informação inicial da GSMA.