Sindicalistas do BE queixam-se de falta de renovação política na CGTP

Um grupo de sindicalistas do Bloco de Esquerda critica a falta de renovação política e queixa-se da exclusão de opiniões.

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Mario Lopes Pereira

A dois dias do XIV Congresso da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), os sindicalistas do Bloco de Esquerda fazem um balanço negativo da preparação do encontro. Para os sindicalistas do Bloco, não houve até agora uma ampliação do debate e não há sinais de abertura política na composição da próxima direcção da central sindical, que será eleita nesta reunião magna.

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A dois dias do XIV Congresso da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), os sindicalistas do Bloco de Esquerda fazem um balanço negativo da preparação do encontro. Para os sindicalistas do Bloco, não houve até agora uma ampliação do debate e não há sinais de abertura política na composição da próxima direcção da central sindical, que será eleita nesta reunião magna.

“Num congresso que devia abrir caminhos de ampliação e inclusão, o estreitamento, a ausência de renovação política e a exclusão de opiniões são um sinal preocupante sobre o futuro”, conclui um grupo de 15 sindicalistas bloquistas.

De saída estão aproximadamente um terço dos dirigentes do conselho nacional e nove membros da comissão executiva, incluindo o secretário-geral, Arménio Carlos. Mas os nomes da próxima direcção não convencem os sindicalistas do Bloco de Esquerda, que questionam a “democracia interna”.

Em comunicado, o grupo afirma que “propostas imprescindíveis como a garantia da democracia interna por via da possibilidade da pluralidade de listas, da eleição proporcional, do respeito pelo direito de tendência ou da garantia de diversidade na composição dos órgãos foram rejeitadas”.

Já em Novembro, o mesmo grupo pedia “maior cooperação com outros sindicatos, movimentos e organizações” e defendia a integração na CGTP de organizações que “aguardam há anos resposta aos pedidos de adesão”.

Num manifesto a que o PÚBLICO teve acesso, o grupo apelava a que a próxima composição dos órgãos nacionais da CGTP incluísse “todas as sensibilidades que constituem o sindicalismo combativo e de classe, ao contrário do que tem acontecido até hoje”.

“Em vez de fechamento sectário, os sindicatos só têm a ganhar em serem um espaço de todos os trabalhadores, nas suas múltiplas condições, pertenças e sensibilidades políticas e sindicais”, desafiava o manifesto.

Os subscritores lançaram também uma lista de prioridades para a agenda política da central sindical com destaque para o aumento geral dos salários, para novas formas de regulação contra a precariedade, para o combate às desigualdades no trabalho, a redução do horário para as 35 horas semanais também no privado, por exemplo.

Nesta quarta-feira, o grupo reforçou como prioridades a procura de respostas para formas de precarização mais intensas no presente e no futuro, como o outsourcing e “uberização”; o combate às desigualdades salariais (de género e nos leques salariais das empresas) e a garantia de uma resposta sindical à emergência climática. No comunicado, o grupo de sindicalistas lamenta que estes temas tenham sido “totalmente secundarizados” neste congresso.

“Debates fundamentais para a afirmação da CGTP, como a relação com outros sindicatos ou com as greves climáticas e feministas, foram evitados”, consideram.