EMEL muda estratégia e lança concurso para comprar 1500 bicicletas eléctricas

Dez meses depois de rescindir com a Órbita, a empresa municipal lisboeta quer finalmente expandir a rede e colmatar as falhas actuais. Em vez de contratar a prestação de um serviço, parte para a compra directa de bicicletas.

Foto
SEBASTIAO ALMEIDA

Foi lançado esta terça-feira um concurso no valor de quatro milhões de euros para a compra de 1500 novas bicicletas para o sistema Gira, gerido pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL). Os veículos serão todos eléctricos e servirão para concluir a primeira fase do projecto e iniciar a segunda.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Foi lançado esta terça-feira um concurso no valor de quatro milhões de euros para a compra de 1500 novas bicicletas para o sistema Gira, gerido pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL). Os veículos serão todos eléctricos e servirão para concluir a primeira fase do projecto e iniciar a segunda.

Trata-se de uma mudança de estratégia por parte da EMEL, que em 2017 lançou as Gira com um modelo diferente. Em vez de comprar bicicletas e docas, a empresa contratou a prestação do serviço à empresa Órbita, que estava assim responsável por fornecer os velocípedes e fazer a manutenção geral da operação. Agora, a EMEL opta por comprar bicicletas directamente, ficando para já por esclarecer se o sistema será gerido internamente ou entregue a outra entidade.

A empresa municipal rescindiu o contrato com a Órbita em Abril de 2019, alegando “sucessivos incumprimentos contratuais”. À data, o sistema deveria ter já 140 docas e 1400 bicicletas, mas estava muito longe desses objectivos. A EMEL impôs sanções de 5,3 milhões, mas a Órbita sempre rejeitou as acusações – não apresentando, contudo, uma versão alternativa.

Actualmente, segundo um comunicado emitido esta terça-feira pela EMEL, estão a funcionar 81 docas e 750 bicicletas. São mais sete estações do que as que estavam abertas no momento de rescisão com a Órbita porque a EMEL conseguiu, entretanto, manter as Gira a funcionar e alargar um pouco a rede. Ainda assim, há 11 docas instaladas que não têm qualquer bicicleta e a primeira fase continua incompleta. A segunda passa pela expansão do sistema a todas as freguesias da cidade. Ao contrário do contrato estabelecido com a Órbita há uns anos, que previa uma grande percentagem de bicicletas clássicas, a empresa lisboeta aposta agora numa frota 100% eléctrica.

O novo concurso deveria ter sido lançado logo nas semanas seguintes à rescisão – essa foi, pelo menos, a promessa de um vogal da EMEL na assembleia municipal. Nunca foram adiantadas razões para a longa demora neste procedimento e o vice-presidente da câmara recusou-se a falar sobre isto na apresentação do orçamento municipal, em Outubro, quando anunciou um reforço de 18 milhões no orçamento da empresa. Certo é que a EMEL não queria repetir a experiência traumática anterior e arriscar-se a ter novos empecilhos no sistema.

Com o colapso da rede Gira – que, ainda assim, atingiu os dois milhões de viagens nos últimos meses –, o mercado privado cresceu: actualmente há oferta de bicicletas das empresas Uber e Hive, que também têm trotinetas eléctricas.