Dia da Internet Mais Segura: como proteger os mais jovens de um mundo que os adultos não conhecem?
A Internet veio para revolucionar o mundo e, desde o fim do século passado, instalou-se nas vidas de todos, crianças e jovens incluídos — como proteger os mais novos dos perigos?
Não deixamos os nossos filhos de 12 anos sair à rua à noite, mas, a maioria das vezes, ficamos despreocupados quando os mesmos se fecham no quarto com um smartphone na mão. É essa “falsa sensação de segurança” que constitui um dos maiores entraves na luta por tornar o mundo virtual um espaço seguro para os mais novos, explica ao PÚBLICO o especialista em cibersegurança Bruno Castro.
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Não deixamos os nossos filhos de 12 anos sair à rua à noite, mas, a maioria das vezes, ficamos despreocupados quando os mesmos se fecham no quarto com um smartphone na mão. É essa “falsa sensação de segurança” que constitui um dos maiores entraves na luta por tornar o mundo virtual um espaço seguro para os mais novos, explica ao PÚBLICO o especialista em cibersegurança Bruno Castro.
Ou seja, segundo este profissional, o estar ligado à Internet pode revelar-se ainda mais perigoso do que atravessar a rua sozinho em tenra idade — isto porque, na rua, a criança, de forma natural, tem tendência a autoproteger-se e a prestar atenção aos perigos, enquanto no conforto do lar poderá baixar a guarda e tornar-se mais receptivo aos diferentes perigos. Isto, num mundo onde “tudo é mais viral, onde não há portas, nem fronteiras”.
Segundo Bruno Castro, cuja carreira passou por integrar comunidades, nacionais e internacionais, de Segurança Informática e também pela gestão de projectos de segurança na Internet junta da NATO, “o mundo mudou” e, mais importante, “continua a mudar todos os dias”. Por isso, por mais que se conheça o mundo virtual, “o que se diz hoje, amanhã pode não se aplicar”. Esta volatilidade torna mais difícil proteger os mais novos, sobretudo quando os adultos parecem desconhecer o mundo por onde aqueles navegam. “O fosso geracional é evidente.”
“A criança hoje tem acesso às tecnologias, é mais permeável à aprendizagem e tem acesso a sites, apps, pessoas que não conhece”, relata. Neste mundo, conta, os perigos para os mais novos vão desde o ciberbullying até à facilitação de um encontro com um agressor sexual. No entanto, a protecção não é fácil e passa por conhecer bem o mundo — os sites, as redes, as apps — por onde estes se movem.
“Não existem ferramentas ideais para proteger as crianças”, considera. Mas falar muito com os mais jovens sobre a forma mais correcta de viver o mundo virtual — “é importante explicar a toda a gente que no ciberespaço não há limites de espaço, mas também não há limites de tempo” — e conhecer esse mundo pode ajudar. No entanto, considera, não vem mal ao mundo controlar o computador e verificar o histórico de forma regular.
Uma solução fácil, deixa a dica, passa por colocar o computador numa zona comum da casa ou mesmo limitar o uso da Internet a uma área familiar.