Nuno Coelho, personalidade distinta de uma ínclita geração
Se dúvidas ainda houvesse sobre o potencial do jovem maestro, facilmente teriam sido dissipadas pela forma como conseguiu fazer música e acrescentar interesse a uma partitura de tão fácil audição como a Suite de O Cavaleiro da Rosa.
Na passada sexta-feira, assistimos à estreia na Casa da Música de um dos mais promissores maestros portugueses da actualidade, à frente da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Com uma carreira em franca ascensão, somando importantes prémios nacionais e internacionais, Nuno Coelho é actualmente maestro convidado da Orquestra Gulbenkian, estreando-se na presente temporada em diversas orquestras da Alemanha, América Latina, China, Espanha, França, Japão e Inglaterra, depois de, em 2018/19, enquanto ‘Dudamel Fellow’ ter dirigido a Filarmónica de Los Angeles em diferentes concertos.
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Na passada sexta-feira, assistimos à estreia na Casa da Música de um dos mais promissores maestros portugueses da actualidade, à frente da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Com uma carreira em franca ascensão, somando importantes prémios nacionais e internacionais, Nuno Coelho é actualmente maestro convidado da Orquestra Gulbenkian, estreando-se na presente temporada em diversas orquestras da Alemanha, América Latina, China, Espanha, França, Japão e Inglaterra, depois de, em 2018/19, enquanto ‘Dudamel Fellow’ ter dirigido a Filarmónica de Los Angeles em diferentes concertos.
O programa, muito bem concebido, abriu com dois dos Três Nocturnos, de Debussy: ainda em modo de aquecimento e com violoncelos pouco convincentes, Nuages e Fêtes desvelaram a grandeza do maestro, bastante seguro e com fortes ideias musicais, sem medo de contraste, elemento de que tirou partido de modo muito elegante e equilibrado.
Não só sobre o maestro Nuno Coelho incidiu o brilho dessa noite. Também o solista, Nuno Vaz, impressionou da melhor forma com o Concerto n.º 2 para trompa e orquestra, em mi bemol maior, de Richard Strauss. De audição pouco fácil e execução ainda mais difícil, a obra deu a conhecer o trompista do Remix Ensemble desempenhando em plena forma o papel de solista – notas limpas do início ao fim, com expressão e humildade suficientes para um “bravo!”. Violinos nem sempre juntos no primeiro andamento acabaram por recuperar bastante bem.
A segunda parte da noite ficou-se pelo ambiente de valsa, com obras de 1911 de Maurice Ravel e de Richard Strauss. Acompanhado pelo desembrulhar de vários rebuçados e pelos ecos de uma plateia pouco mais que levemente distraída, Nuno Coelho interpretou com graciosidade Valses nobles et sentimentales, enfatizando a exploração orquestral em que Ravel era exímio.
Se dúvidas ainda houvesse sobre o potencial do jovem maestro, facilmente teriam sido dissipadas pela forma como conseguiu fazer música e acrescentar interesse a uma partitura de tão fácil audição como a Suite de O Cavaleiro da Rosa. Também nela brilhou o concertino, Álvaro Pereira, com afinação irrepreensível nos solos em que encantou com o som cheio e muito peculiar que lhe é característico.
O numeroso público rendeu-se em efusivos aplausos.
Na tarde desta terça-feira (19h30), outros dois músicos desta ínclita geração (fruto não só da determinação e inteligência individual, mas também do ensino cada vez mais capaz e exigente) se fazem ouvir na Casa da Música, com Sonatas para piano e violino de Beethoven: Pedro Costa (piano) e Francisco Lima Santos (violino).