O nosso talismã contra o Adamastor
Mais do que todos, Ana Gomes simboliza a dignidade da vida pública, que as coisas podem ser o que devem ser. Sem tréguas à impunidade, à corrupção, ao branqueamento, à fraude fiscal, ao nepotismo e ao conflito de interesses.
Alastrou na sociedade um perigoso sentimento de desconfiança sobre a integridade da vida social, incluindo magistraturas e altas patentes militares. Sentimento oxigenado por escândalos e pela injustiça do desnorteado esforço fiscal ou do acesso desigual à saúde e à habitação, que se exprime numa reprovação social que o ambiente online difunde, favorecendo a mobilização de comportamentos desviantes e de radicalismos de que o Chega é uma manifestação séria. Em paralelo, a inadaptação à mudança originada pela transformação digital e pela descarbonização ameaça tornar-se numa incubadora de medo e de uma angústia de existir, que pode favorecer a propagação da intolerância, do populismo e do autoritarismo. E encontrar factores de aceleramento tais como o estigma social sobre o cidadão poluente sem posses para evoluir para a peugada de carbono daquele que as tem, ou a propensão nacional para em tempos convulsos aderir ao anseio do Haja Quem Mande.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Alastrou na sociedade um perigoso sentimento de desconfiança sobre a integridade da vida social, incluindo magistraturas e altas patentes militares. Sentimento oxigenado por escândalos e pela injustiça do desnorteado esforço fiscal ou do acesso desigual à saúde e à habitação, que se exprime numa reprovação social que o ambiente online difunde, favorecendo a mobilização de comportamentos desviantes e de radicalismos de que o Chega é uma manifestação séria. Em paralelo, a inadaptação à mudança originada pela transformação digital e pela descarbonização ameaça tornar-se numa incubadora de medo e de uma angústia de existir, que pode favorecer a propagação da intolerância, do populismo e do autoritarismo. E encontrar factores de aceleramento tais como o estigma social sobre o cidadão poluente sem posses para evoluir para a peugada de carbono daquele que as tem, ou a propensão nacional para em tempos convulsos aderir ao anseio do Haja Quem Mande.
Perante este fundo brilha a Auctoritas de Ana Gomes, fruto do êxito na luta contra a impunidade dos poderosos, da exposição da injustiça e do laxismo institucional. Tornando-a num símbolo da dignidade da vida pública, de confiança e de esperança num futuro melhor. E que o seu valoroso contributo para o acesso de Timor à independência ou para a queda do anel criminoso que capturou Angola engrandece. Outorgando-lhe um fôlego nacional de cariz supra-partidário capaz de regenerar o bafiento sistema institucional, qual nosso talismã contra o Adamastor.
O reconhecimento que vai surgindo na sociedade sobre a sua aptidão para ser candidata à Presidência da República é disto demonstrativo, assim como é a reação de Paulo Rangel que, temendo a sua grande aceitação no país, e conhecendo que só 2.411.925 dos 9.741.377 inscritos é que votaram expressamente no atual Presidente da República, ou seja, somente 24,76% do eleitorado, apressou-se a zurzi-la com elegância apondo com pinça um “agradará ao PS em geral, não a António Costa”, tentando assim confiná-la ao eleitorado do PS, porventura na expetativa que o putativo contragosto de António Costa determine que a máquina do PS não se empenhe na candidatura, como então apontou Carilho ao PS nas eleições à Câmara de Lisboa.
A voz de Ana Gomes confronta os reprováveis silêncios e modos, também de instituições e lideranças cuja principal razão de existir é exercer o controlo e a fiscalização em nome do interesse geral, e protege Rui Pinto, cuja prisão preventiva é atentatória da reputação de Portugal como Estado de direito credível. E espelho de uma cultura político-jurídica de pendor fixista, avessa a interpretações inovadoras de adequação às novas realidades.
Mais do que a reflexão, é a força da verificação espontânea que gera nas pessoas a confiança na vida pública e vontade colaborativa e de participação. O que é algo bem distinto da vontade de uma selfie.
Mais do que todos, Ana Gomes simboliza a dignidade da vida pública, que as coisas podem ser o que devem ser. Sem tréguas à impunidade, à corrupção, ao branqueamento, à fraude fiscal, ao nepotismo e ao conflito de interesses. Fenómenos terríveis que há anos minam a democracia e as instituições, causando pobreza, desigualdade e injustiça social. Distorcendo a sã concorrência, lesando a economia de mercado e a iniciativa privada e dificultando a melhoria do nível de vida, caído na cauda da Europa. Enfim, tornando-nos vulneráveis ao populismo.
Por tudo isto, as prioridades que simboliza são valorosas e necessitam integrar-se no quotidiano da vida pública como adquiridas. Neste sentido a sua candidatura presidencial apareceria como um serviço ao prestígio civilizacional de Portugal, em linha com o impulso ético que gerou o Lusitânia Expresso, em prol da afirmação de regras de convivência social, das quais depende uma sociedade e economia sãs. E sobressairia ainda mais porque só valemos pelo que deixamos aos outros.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico