O turismo de Lisboa quer voltar-se para o Tejo e margem sul

Estratégia para o turismo 2020-2024 desenhou 12 pólos com o objectivo de desenvolver e explorar o que de melhor tem a região – do rio, à serra, às praias e ao luxo. Com sustentabilidade.

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Lisboa é um destino periférico no contexto europeu, dependente do aeroporto para 95% da chegada de turistas Rui Gaudencio

Mais de sete milhões de turistas, 14,7 mil milhões de euros de receita, mais de 201 mil postos de trabalho em 2018. São estes os números que demonstram o peso que o sector do Turismo tem na Grande Lisboa — é a actividade económica e social mais importante da região, representando um quinto da riqueza gerada — e servem de base ao Plano Estratégico do Turismo de Lisboa 2020-2024 que coloca o rio Tejo e a margem sul como as duas grandes apostas turísticas nos próximos anos.

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Mais de sete milhões de turistas, 14,7 mil milhões de euros de receita, mais de 201 mil postos de trabalho em 2018. São estes os números que demonstram o peso que o sector do Turismo tem na Grande Lisboa — é a actividade económica e social mais importante da região, representando um quinto da riqueza gerada — e servem de base ao Plano Estratégico do Turismo de Lisboa 2020-2024 que coloca o rio Tejo e a margem sul como as duas grandes apostas turísticas nos próximos anos.

Este plano, que foi aprovado pela Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa e pela Associação de Turismo de Lisboa, e apresentado esta segunda-feira no Palácio Nacional da Ajuda, define 12 pólos de atracção turística na região, pondo o foco na “sustentabilidade do destino”, na correcção de assimetrias entre territórios e na preparação um “novo ciclo de crescimento” numa altura em que o turismo em Lisboa dá sinais de abrandamento (verifica-se, desde 2017, um abrandamento do crescimento de hóspedes, tendo-se registado em 2018 um aumento de 4,7%, quando entre 2013 e 2017 esse valor estava nos 13,4%). 

O objectivo é criar “uma verdadeira região turística”, aproveitando “as valências de todos os territórios da Área Metropolitana de Lisboa”. “É urgente, é vital, que consigamos o desenvolvimento de novas polaridades”, disse na cerimónia o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

Os pólos propostos no estudo, que foi desenvolvido pela consultora Roland Berger, estão em diferentes fases de desenvolvimento: alguns estão já consolidados (Lisboa-Centro, Belém-Ajuda, Sintra, Cascais e Ericeira), outros em crescimento (Tejo, Lisboa Oriente, Mafra e Arrábida) e outros precisam de ser “potenciados” (Arco Ribeirinho Sul, Reserva Natural do Estuário do Tejo e Costa da Caparica). 

Este plano conclui que o principal obstáculo para a mobilidade na região de Lisboa ainda é o rio Tejo, “que ‘divide’ o destino em dois e limita a dinamização da margem sul”, enquanto a margem norte “sofre de falta de qualidade de meios e serviços em termos de acessibilidade”.

A Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa quer, por isso, voltar atenções para o rio e criar um pólo Tejo, transformando-o num “novo activo turístico” com o novo Cais de Lisboa. Mas a importância do Tejo deverá voltar-se também para o seu estuário. Será assim criado o pólo Reserva Natural do Estuário, com um turismo dedicado à tradição rural e ao usufruto do rio. 

Se nos voltarmos para a margem sul, o pólo Arrábida deverá focar-se no desenvolvimento do Turismo da Natureza, com a serra e com as praias. Já o pólo Costa da Caparica deverá reforçar a qualidade dos acessos às praias e da oferta de alojamento.

No plano, é também referido que Lisboa é um “destino periférico no contexto europeu”, que depende do aeroporto para 95% das chegadas de turistas. A construção do novo aeroporto no Montijo deverá, por isso, também trazer grandes mudanças à região, o que permitirá, segundo a Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa alavancar a criação de pólos turísticos na zona: o primeiro o pólo Arco Ribeirinho Sul, que deverá desenvolver-se muito à volta do megaprojecto imobiliário “Cidade da Água”, em Almada, terá como foco a exploração turística fluvial.

“Coser as infra-estruturas de mobilidade”

Para que estes objectivos de alavancagem do turismo nestas regiões se concretize, falta uma peça essencial que é “coser” toda a infra-estrutura de mobilidade da área metropolitana, lembrou Fernando Medina. Para tal, será lançado, no próximo dia 18, o concurso internacional para aquisição do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa, que vão passar a operar debaixo de uma marca única, e, segundo foi já anunciado, permitirá aumentar em 40% a rede de transportes face à actual. 

Caminhando para os territórios na zona oriental da capital, as zonas de Marvila e Beato deverão explorar a sua vocação enquanto “zonas jovens e trendy em harmonia com a raiz tradicional local”. No Parque das Nações, as infra-estruturas já existentes deverão ser desenvolvidas e Loures deverá aproveitar a realização das Jornadas Mundiais da Juventude de 2022, como “evento estruturante”. 

Nas zonas da capital onde a procura turística está já consolidada, o plano propõe que, no pólo Lisboa-Centro, a estratégia passe pela promoção de novas áreas, que estão neste momento a sofrer profundas alterações, como a Praça de Espanha ou Alcântara. 

Com a finalização das obras no Palácio Nacional da Ajuda, que deverá depois acolher o Museu do Tesouro Real, o pólo Belém-Ajuda poderá focar-se “na promoção de conteúdos culturais” e tentar atingir “um maior equilíbrio na utilização turística”, numa área já de si muito pressionada pelos turistas que procuram sobretudo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. 

A Norte da capital, a Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa quer apostar no pólo Sintra, num “turismo de maior valor”, reforçar “as soluções de mobilidade” e a divulgação das “riquezas arqueológicas e igrejas”. 

Para o pólo de Cascais, o plano propõe o reforço do “posicionamento premium” com o aumento da oferta de hotelaria e restauração de luxo e a dinamização do segmento do golfe e das actividades náuticas também “de luxo”. No pólo da Ericeira, as atenções estarão voltadas para o seu reconhecimento como “Reserva Mundial de Surf”. 

Para Mafra, o plano propõe que a cidade promova o seu estatuto de Património Mundial, criando novas infra-estruturas e dinamizando um cluster ligado à música e ao Palácio Nacional de Mafra com os seus órgãos, carrilhões e a deslocalização do Museu da Música para Mafra. 

Conquistados os turistas europeus do Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Suíça, Espanha, França e Itália, bem como dos Estados Unidos, Canadá e Brasil, a Entidade Regional de Turismo de Lisboa quer agora atrair, através dos “medias locais e de programas digitais”, os mercados do Médio Oriente e Ásia, entre os quais Japão, Coreia do Sul, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Catar, Israel, Irão, Arábia Saudita e Rússia.