A passagem dos frades franciscanos, carmelitas, dominicanos e jesuítas pelo Pico deixou uma marca inapagável na ilha, não só na paisagem vinhateira, de que alguns foram artífices essenciais, como na memória local, que ainda conserva algumas lendas pícaras sobre o seu engenho. A mais famosa reza que, quando os primeiros frades chegaram ao Pico, trataram de pedir ao povo terra para cultivar, recebendo como resposta a oferta de uma área equivalente ao “coiro” de um boi. Coisa pouca, portanto. Os frades aceitaram e, pegando na pele do boi, dividiram-na em pequenas tiras e criaram um cordão capaz de abarcar uma extensa mancha de terra, que ficou conhecida como a Cerca dos Frades.

A passagem dos frades franciscanos, carmelitas, dominicanos e jesuítas pelo Pico deixou uma marca inapagável na ilha, não só na paisagem vinhateira, de que alguns foram artífices essenciais, como na memória local, que ainda conserva algumas lendas pícaras sobre o seu engenho. A mais famosa reza que, quando os primeiros frades chegaram ao Pico, trataram de pedir ao povo terra para cultivar, recebendo como resposta a oferta de uma área equivalente ao “coiro” de um boi. Coisa pouca, portanto. Os frades aceitaram e, pegando na pele do boi, dividiram-na em pequenas tiras e criaram um cordão capaz de abarcar uma extensa mancha de terra, que ficou conhecida como a Cerca dos Frades.

Há uns anos, quando comprou os seus primeiros alqueires de vinhas abandonadas (no Pico, a terra ainda se mede em alqueires; cada alqueire equivale a 100 metros quadrados), mesmo junto ao Lajido de Santa Luzia, um dos principais núcleos da paisagem classificada como Património Mundial, Tito Silva descobriu debaixo da vegetação uma imponente cerca em pedra que os locais julgam ter pertencido a frades franciscanos. O lugar é, de resto, conhecido como As Cercas e fica próximo da Chaminé dos Frades, umas ruínas de um antigo forno de cal.

Na hora de encontrar um nome para o seu vinho, a escolha foi óbvia: A Cerca dos Frades. Dos perto de 15 hectares que possui actualmente, Tito Silva colheu as primeiras uvas de Terrantez e Verdelho na vindima de 2018 e, com a ajuda dos amigos Fortunato Garcia (vinhos Czar) e Paulo Machado (Azores Wine Company), encheu 650 garrafas numeradas.

É um vinho que deixa mesmo água na boca. Pelo potencial que demonstra ter este novo branco do Pico e por ser muito salivante. Tem um aroma delicioso, cheio de referências exóticas (citrinos e fruta branca), e é muito directo e pungente. Apesar de não ser muito gordo e volumoso, enche a boca, revelando uma vivacidade e uma frescura assombrosas. Bela estreia. Pedro Garcias

A Cerca dos Frades Branco 2018
Tinto Silva
Lajido de Santa Luzia, São Roque
Castas: Terrantez do Pico e Verdelho
Região: Pico, Açores
Álcool: 12,5% vol
Preço: 28€
Pontuação: 90/100