Cultura vitivinícola e o legítimo prazer do consumo moderado de vinho
Defender o vinho contra o ataque ao consumo de bebidas alcoólicas, cada vez mais violento, deve ser uma missão de todos os que se preocupam com a sustentabilidade e competitividade social e económica do nosso país.
A produção de vinho e bebidas espirituosas é um importante instrumento para a manutenção das comunidades rurais e ordenamento do território. O setor não só providencia emprego, oportunidades de investimento, estabilidade económica e sustentabilidade ambiental, como é dos que mais incorpora matéria-prima nacional.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A produção de vinho e bebidas espirituosas é um importante instrumento para a manutenção das comunidades rurais e ordenamento do território. O setor não só providencia emprego, oportunidades de investimento, estabilidade económica e sustentabilidade ambiental, como é dos que mais incorpora matéria-prima nacional.
Enraizado no estilo de vida dos portugueses, o vinho surge hoje integrado num forte contexto social e cultural que lhe dá força. Em boa verdade, o vinho faz parte do que vulgarmente conhecemos como Dieta Mediterrânica, património imaterial da humanidade e entendida pela UNESCO como um “Estilo de Vida” e como um modelo cultural de socialização e celebração.
É por isso que, na ACIBEV, defendemos o legítimo prazer do consumo moderado de vinho, por razões culturais, económicas, sociais e ambientais. Defender o vinho contra o ataque ao consumo de bebidas alcoólicas, cada vez mais violento, sem qualquer preocupação em diferenciar entre o consumo moderado e abusivo, deve ser, aliás, uma missão de todos os que se preocupam com a sustentabilidade e competitividade social e económica do nosso país.
O setor das bebidas alcoólicas é constantemente alvo de escrutínio, principalmente por parte de organizações anti-álcool que, não raras vezes, atribuem ao consumo de bebidas alcoólicas efeitos nocivos para a saúde. Infelizmente, muitas vezes negligenciando ou banalizando a diferença fundamental que existe entre consumo moderado e exagerado e, dessa forma, contribuindo para uma perceção generalizada e profundamente errada sobre o consumo de bebidas alcoólicas.
É também por isso que, nos últimos anos, temos defendido que a radicalização e o desconhecimento profundo sobre o vinho põem em causa a sustentabilidade do próprio setor e dos que dele dependem. O equilíbrio entre o consumo moderado e, portanto, prazeroso do vinho, deve ser conseguido pela via da sensibilização e educação, nunca pela imposição, restrição ou introdução de novos argumentos fiscais que combatam o uso nocivo do álcool.
De facto, algumas medidas, posições políticas e estudos mais ou menos recentes parecem-nos claramente desproporcionados, uma vez que não abordam o uso nocivo do álcool, mas o consumo per si. As consequências advêm do padrão de consumo, incluindo o “quanto”, “o quê” e “como” é consumido.
Os setores que, enquanto Associação, representamos, têm condições para alavancar a distinção já conseguida pelo setor e assim diferenciar pela positiva um estilo de vida equilibrado e moderado onde o vinho surja como um modelo cultural e social que importa preservar.
Capacitar toda a cadeia de valor do vinho, sensibilizando e reforçando os conhecimentos sobre os padrões de consumo de álcool responsável e moderado de vinho, é, por isso, fundamental para inspirar a estilos de vida saudáveis e contribuir para a redução dos efeitos nocivos do álcool.
Consegui-lo significa valorizar o setor do vinho e criar valor para Portugal e para os portugueses.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico