Trump celebra absolvição do impeachment e condena adversários políticos
Trump foi absolvido esta quarta-feira das acusações de abuso de poder e de obstrução ao Congresso. Mitt Romney foi o único republicano a votar a favor da condenação.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrou a sua absolvição das acusações do impeachment num discurso cáustico e descontraído esta quinta-feira, debruçando-se na pompa da Casa Branca para enfatizar o facto de que permanece no cargo.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrou a sua absolvição das acusações do impeachment num discurso cáustico e descontraído esta quinta-feira, debruçando-se na pompa da Casa Branca para enfatizar o facto de que permanece no cargo.
Depois de caminhar por um tapete vermelho e receber uma ovação de pé de vários deputados republicanos, funcionários do Governo e figuras de meios de comunicação conservadores na sala leste da Casa Branca, Trump repetiu queixas antigas e acusou os democratas de levarem a cabo um esforço “corrupto” para minar a sua presidência, num discurso que durou mais de uma hora.
“Eu fiz coisas erradas na minha vida, admito..., mas este é o resultado final”, disse Trump, enquanto segurava uma cópia do Washington Post com a manchete “Trump absolvido”. O presidente republicano entregou depois o jornal à sua esposa, Melania, e disse que talvez o encaixilhassem.
Num discurso sem recurso a teleponto, Trump referiu-se à investigação, que durou 22 meses, do ex-conselheiro de Segurança Nacional Robert Mueller sobre os possíveis contactos com a Rússia durante a campanha eleitoral de 2016, usando um palavrão. “Foi tudo bullshit [mentira]”, disse.
O Senado controlado pelos republicanos votou na quarta-feira a favor da absolvição de Trump por acusações levantadas pela Câmara dos Representantes, liderada pelos democratas. Esta foi apenas a terceira vez na história dos EUA em que um presidente foi alvo de impeachment.
A absolvição foi a maior vitória de Trump até agora sobre os seus adversários democratas no Congresso, que atacaram os senadores republicanos por se recusarem a ouvir testemunhas e procurarem novas provas no julgamento.
Esta quinta-feira, Trump, que tem um forte apoio dos cristãos evangélicos e católicos conservadores, criticou alguns dos seus opositores por invocarem a fé religiosa durante a batalha do impeachment.
A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, católica que lançou o inquérito de impeachment em Setembro, disse em Dezembro que não odeia Trump e que reza por ele. O senador republicano Mitt Romney, um mórmon, citou a sua fé religiosa quando votou a favor da condenação de Trump pela acusação de abuso de poder esta quarta-feira. Romney foi o único republicano a votar a favor da condenação. Nenhum democrata votou pela absolvição.
“Não gosto de pessoas que usam a sua fé como justificação para fazerem o que sabem que está errado. Nem gosto de pessoas que dizem ‘eu rezo por você’ quando sabem que não é assim”, disse Trump no Pequeno-Almoço de Oração Nacional. Nas suas declarações na sala leste da Casa Branca, voltou a referir a questão: “Duvido que ela [Pelosi] reze de todo.”
Pelosi já tinha afirmado que os comentários de Trump no Pequeno-Almoço de Oração Nacional foram inadequados. “Ele está a falar sobre coisas sobre as quais pouco sabe – fé e oração”, disse Pelosi em conferência de imprensa.
Os próximos passos?
Os senadores republicanos votaram a favor da absolvição de Trump por acusações de abuso de poder ao pressionar a Ucrânia a investigar o rival político Joe Biden, candidato democrata nas eleições presidenciais de 3 de Novembro, e de obstruir uma investigação do Congresso sobre o assunto.
Os democratas não foram claros sobre os seus próximos passos na investigação a Trump. Existem vários processos judiciais pendentes relacionados com esforços dos democratas para obter mais informações de Trump, e Pelosi emitiu um comunicado a afirmar que a Câmara dos Representantes iria proteger a Constituição “tanto nos tribunais de justiça como no tribunal da opinião pública”.
Os democratas sugeriram que poderão intimar John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, para testemunhar nos comités da Câmara. Os senadores republicanos rejeitaram os esforços democratas para intimar Bolton para depor durante o julgamento.
Para já, o Partido Democrata mostrou-se preocupado de que uma absolvição pudesse encorajar um presidente que já desafia as regras políticas, pintando-o como uma ameaça à democracia norte-americana e um demagogo que agiu ilegalmente.
Onze democratas estão a disputar o direito de concorrer contra Trump em Novembro, mas Trump entra na campanha eleitoral com as vantagens de uma poderosa máquina de captação de fundos e com o apoio quase universal dos republicanos.
Os índices de aprovação do trabalho de Trump permaneceram bastante consistentes durante toda a sua presidência e processo de impeachment, enquanto os seus principais apoiantes conservadores — especialmente homens brancos, americanos rurais, cristãos evangélicos e católicos conservadores — permaneceram ao seu lado.
A mais recente sondagem da Reuters/Ipsos, realizada na segunda e terça-feira, mostrou que 42% dos adultos americanos aprovaram o desempenho do Presidente norte-americano, enquanto 54% desaprovaram. O que foi quase o mesmo do que quando a Câmara dos Representantes lançou o inquérito de impeachment em Setembro, altura em que a sua aprovação era de 43% e a desaprovação de 53%.