Coronavírus: China e EUA trocam acusações por causa da exclusão de Taiwan da OMS

Crise do coronavírus desencadeia conflito diplomático na Organização Mundial de Saúde, onde Taiwan não tem assento e é representado por Pequim.

Foto
Fábrica em Taiwan de produção de máscaras protectoras Gabinete da Presidente de Taiwan/EPA

O novo coronavírus gerou uma crise diplomática em Genebra nesta quinta-feira, com os Estados Unidos e a China a entrarem em confronto por causa da exclusão de Taiwan das reuniões da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na origem da crise está a acusação de Taiwan de que Pequim está a reportar casos em excesso no seu território do novo coronavírus.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O novo coronavírus gerou uma crise diplomática em Genebra nesta quinta-feira, com os Estados Unidos e a China a entrarem em confronto por causa da exclusão de Taiwan das reuniões da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na origem da crise está a acusação de Taiwan de que Pequim está a reportar casos em excesso no seu território do novo coronavírus.

“Taiwan é parte da China, este facto não pode ser alterado”, afirmou o representante da China na OMS, Qi Daihai

A ilha de 23 milhões de pessoas, que vive em democracia e que a China está apostada em fazer regressar à sua alçada, enfrenta cada vez mais problemas de reconhecimento internacional, à medida que Pequim se afirma internacionalmente como potência. Em 2017, após oito anos de participação como observador na OMS, Taiwan viu-se excluído da Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde. Ficar de fora implica ficar privado de acesso às bases de dados da OMS, não receber antecipadamente recomendações e alertas sobre prevenção de doenças, por exemplo. Regressar, e se possível membro de pleno direito, é um desígnio da Presidente Tsai Ing-wen.

O surto do novo coronavírus tem sido uma demonstração prática das dificuldades de Taiwan.

Na terça-feira, a OMS corrigiu o número de casos de doença com coronavírus registados em Taiwan: depois de ter anunciado que existiam 13, Taiwan garantiu que seriam apenas dez. “Foi informação prestada pela China que criou o erro”, assegurou Joanne Ou, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan. Esta quinta-feira, avançou que havia já 16 casos.

Na semana passada, a OMS começou a divulgar um mapa com um código de cores para indicar o risco de contrair a doença, consoante a região. Taiwan e a China receberam a mesma cor. “Apelámos à OMS para que não ponha os dados de Taiwan junto com os da China, criando erros atrás de erros”, pediu Ou.

Apesar de os Estados Unidos terem reconhecido a China em 1979, em detrimento de Taiwan, não fecharam as portas à ilha. O embaixador dos EUA na ONU em Genebra, Andrew Bremberg, declarou na OMS que a agência deve lidar directamente com as autoridades taiwanesas. “É um imperativo técnico. A OMS tem de apresentar dados de saúde pública sobre Taiwan de forma visível e relacionar-se directamente com as autoridades de Taiwan”, afirmou, citado pela Reuters.

O Japão deu uma ajuda. “Não devemos criar vazios geográficos, criando situações em que uma região específica não possa juntar-se como observador à OMS”, afirmou o embaixador Ken Okaniwa.

A resposta do embaixador chinês vinha temperada com vinagre. “Há uma ampla cooperação entre a China e Taiwan” sobre o coronavírus, afirmou. “Sentimos que o Governo central chinês pode dizer muito sinceramente que está a proteger a saúde e o bem-estar dos compatriotas taiwaneses E gostaria de reiterar que Taiwan é parte da China, esse facto não pode ser mudado.”