Quais os segredos que o arroz basmati esconde no seu genoma?
Obteve-se o primeiro rascunho completo do arroz basmati, o que pode ser um passo importante para o desenvolvimento de variedades mais resistentes deste arroz.
Com o seu grão longo, o arroz basmati é um dos arrozes mais icónicos. Mas que segredos esconde no ADN? Através de uma nova tecnologia de sequenciação, uma equipa de cientistas perscrutou o genoma de duas variedades deste arroz. Entre outras revelações genéticas, confirmou-se que esconde dentro de si dois outros grupos de arroz. Ou como quem diz: o arroz basmati é um híbrido do arroz japónica e do chamado arroz “aus”.
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Com o seu grão longo, o arroz basmati é um dos arrozes mais icónicos. Mas que segredos esconde no ADN? Através de uma nova tecnologia de sequenciação, uma equipa de cientistas perscrutou o genoma de duas variedades deste arroz. Entre outras revelações genéticas, confirmou-se que esconde dentro de si dois outros grupos de arroz. Ou como quem diz: o arroz basmati é um híbrido do arroz japónica e do chamado arroz “aus”.
O arroz, que pertence à espécie Oryza sativa, e as suas variedades podem agrupar-se em cinco grandes grupos do ponto de vista genético: índica, “aus/boro”, “basmati/sadri”, japónica tropical e japónica temperada.
Vejamos a informação à vista sobre o arroz basmati. É um tipo de arroz aromático com um grão longo do Sul da Ásia, nomeadamente da Índia. Aliás, a palavra “basmati” vem da língua hindi e significa “aromático”. “As variedades do arroz basmati são algumas das mais icónicas e apreciadas dentro do arroz”, diz Jae Young Choi, investigador da Universidade de Nova Iorque, nos EUA, que liderou a investigação publicada agora na revista científica Genome Biology. Jae Young Choi estuda a história evolutiva das variações genéticas e quis saber mais sobre o percurso evolutivo do arroz basmati.
Em 2018, foi sequenciado um primeiro rascunho do genoma deste arroz. Contudo, muitas regiões do seu genoma não chegaram a ser totalmente sequenciadas devido ao limite de sequenciação da tecnologia então utilizada.
Desta vez, a equipa de Jae Young Choi usou uma tecnologia que passou a pente fino cada molécula do ADN de duas variedades de arroz basmati: a Basmati 334 e a Dom Sufid. A Basmati 334 é originária do Paquistão e conhecida por ser tolerante à seca e resistente à doença do fogo bacteriano. Já a Dom Sufid é do Irão e considerada uma das variedades mais caras no mercado.
Conseguiu-se assim obter o primeiro rascunho completo e com elevada qualidade do genoma do arroz basmati. Esse rascunho acabou por confirmar que a maior parte do material genético do arroz basmati vem do arroz japónica (do Leste da Ásia) e do arroz “aus” (do Bangladesh).
Como a informação genética do arroz basmati fica agora disponível para toda a comunidade científica, poderão identificar-se genes importantes, perceber-se por que razão é tão icónico e até desenvolver-se marcadores moleculares para que se gerem novas variedades. “Actualmente, um dos maiores desafios que os produtores de arroz enfrentam é ter variedades de arroz que sejam mais tolerantes à seca e ao fogo bacteriano”, realça ao PÚBLICO Jae Young Choi. “A nossa esperança é que a sequenciação deste genoma permita desvendar genes que possam ser utilizados para se criarem variedades de arroz vigorosas que sejam resistentes a desafios futuros. Isto é sobretudo pertinente por causa da crise climática que vivemos.”