Abel Matos Santos demite-se da direcção do CDS
Fundador da Tendência Esperança em Movimento tem estado debaixo de fogo por textos antigos em que elogiou a PIDE e Salazar e chamou “agiota de judeus” a Aristides Sousa Mendes.
Abel Matos Santos formalizou a demissão da comissão executiva do CDS-PP, o órgão mais restrito do presidente do partido. O fundador da Tendência Esperança em Movimento (TEM) tem estado debaixo de fogo por textos antigos em que elogiou a PIDE e Salazar e chamou “agiota de judeus” a Aristides Sousa Mendes.
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Abel Matos Santos formalizou a demissão da comissão executiva do CDS-PP, o órgão mais restrito do presidente do partido. O fundador da Tendência Esperança em Movimento (TEM) tem estado debaixo de fogo por textos antigos em que elogiou a PIDE e Salazar e chamou “agiota de judeus” a Aristides Sousa Mendes.
Estas declarações levaram mesmo um antigo dirigente do partido, o antigo ministro da Economia António Pires de Lima, a apelar ao novo líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, para que retirasse a confiança política ao vogal da comissão executiva.
Numa nota da comissão executiva enviada nesta terça-feira às redacções, o CDS informou que Abel Matos Santos renunciou ao lugar na reunião daquele órgão, que decorreu na véspera à noite, “não permitindo, deste modo, que as suas afirmações passadas possam suscitar dúvidas sobre a tradição política em que o CDS inquestionavelmente se insere”.
Na mesma nota, a comissão executiva lembra que o CDS é “fronteira de todos os extremismos, farol dos valores da democracia-cristã, do humanismo personalista e do primado da dignidade da pessoa humana” e que esses valores foram “reafirmados na moção vencedora” no último congresso, servindo de “guia e de limite” à acção política que “a todos vinculam”.
Depois de a Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) ter condenado as declarações de Abel Matos Santos, que chamou “agiota de judeus” a Aristides de Sousa Mendes numa publicação no Facebook em 2012, o dirigente nacional do CDS apresentou “formalmente” um pedido de desculpa, salientando ter “o maior respeito e admiração pelo povo judeu”.
“Conheço o sofrimento que milhões de judeus sofreram ao longo da História, partilho genuínos sentimentos de solidariedade e honro a memória dolorosa do Holocausto, ainda recentemente celebrada no 75.º aniversário da libertação de Auschwitz”, escreveu numa nota publicada no Facebook. O democrata-cristão sublinhou ser “convictamente, por formação humana, um adversário político do anti-semitismo e do negacionismo”. Mas o esclarecimento não terá sido suficiente.
Num primeiro momento, na passada sexta-feira, a nova direcção do CDS emitiu um esclarecimento em que mantinha a confiança em Abel Matos Santos, considerando que o dirigente já se tinha distanciado “do rótulo ignóbil que lhe quiseram colar” e que as declarações são “afirmações antigas, algumas com mais de dez anos, agora repristinadas apenas com o firme propósito de prejudicar todo o CDS”.
No último congresso do CDS, a 25 e 26 de Janeiro em Aveiro, Abel Matos Santos desistiu da sua moção de estratégia para apoiar Francisco Rodrigues dos Santos.