Províncias moçambicanas de Cabo Delgado e Tete enfrentam crise alimentar
Parte da população pode começar a recuperar em Março masno Sul de Moçambique a crise pode ressurgir nos finais de Abril, “à medida que a assistência humanitária planeada chegar ao fim e as famílias enfrentarem uma terceira época consecutiva de fracas colheitas”, diz a Fews.net.
Uma rede de alerta de vigilância humanitária alertou que zonas afectadas por ataques armados em Cabo Delgado (Norte) e áreas com baixos níveis de assistência em Tete (Centro) enfrentam uma crise alimentar e são as mais preocupantes em Moçambique.
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Uma rede de alerta de vigilância humanitária alertou que zonas afectadas por ataques armados em Cabo Delgado (Norte) e áreas com baixos níveis de assistência em Tete (Centro) enfrentam uma crise alimentar e são as mais preocupantes em Moçambique.
“Prevê-se que estes indicadores persistam até ao final da época de escassez [de produção], em Março”, indicou o último relatório sobre segurança alimentar no país da Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (Rede Fews), que agrega organizações norte-americanas.
A situação só não é pior no Centro e Sul porque a assistência alimentar humanitária em andamento está a minimizar os efeitos da destruição dos campos provocada pelos ciclones de 2019, o Idai e o Kenneth, assim como os efeitos da seca.
Assim, a maior parte do mapa do país é pintada de amarelo, o que indica fase de stress de nível dois, numa escala de um a cinco, em que três equivale a ‘crise’, quatro a ‘emergência’ e cinco a ‘fome’.
Seguindo as rotinas anuais, espera-se que a maioria das famílias pobres comece a ter acesso a alimentos da colheita principal em Abril, prevendo-se que grande parte do país melhore a condição de acesso a alimentos durante algumas semanas.
No entanto, há riscos, alertou a Fews.net. Em Cabo Delgado, a crise poderá persistir por causa dos conflitos que fizeram com que as actividades agrícolas fossem interrompidas, pelo que a produção estará abaixo da média.
E no Sul de Moçambique, a crise poderá também ressurgir nos finais de Abril, “à medida que a assistência humanitária planeada chegar ao fim e as famílias enfrentarem uma terceira época consecutiva de fracas colheitas”.
Há situações meteorológicas opostas a acontecer em simultâneo em Moçambique, um país com cerca de dois mil quilómetros de extensão, de nordeste a sudoeste.
Nalgumas áreas afectadas pelos ciclones de 2019, como Sofala, Zambézia e partes de Manica, há fenómenos severos, incluindo chuvas fortes e inundações, trovoadas, tempestades de granizo e ventos fortes, o que deverá levar a “uma fase improdutiva maior até que se consiga colher do plantio pós-inundação, mais tarde do que o habitual”.
Em contraste, o Sul de Moçambique e partes do sul das províncias de Tete, Manica e Sofala “estão a enfrentar uma seca combinada com temperaturas anormalmente altas”, o que deverá levar a uma colheita “abaixo da média” pelo terceiro ano consecutivo.
O cenário é agravado por uma subida de preços nos mercados.
Os agregados familiares menos favorecidos “dependem fortemente da compra de alimentos nos mercados, no entanto, os preços anormalmente elevados dos cereais de milho estão a baixar o poder de compra”.
Os preços dos grãos de milho aumentaram entre 5% a 30% de Novembro a Dezembro. Os preços globais permanecem “bem acima da média devido à oferta abaixo do habitual” do lado da produção. Os preços dos grãos de milho estão aproximadamente entre 65% a 120% acima dos níveis de 2018 e entre 40% a 95% acima da média de cinco anos, notou a rede de vigilância.