DGS avalia quando deverá repetir análises aos cidadãos que chegaram a Portugal vindos de Wuhan

Direcção-Geral da Saúde e Ministério dizem que 18 portugueses e as duas cidadãs brasileiras estão bem e sem sintomas de doença. Repatriados estão instalados no Hospital Pulido Valente e no Parque Saúde, em Lisboa.

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LUSA/MARIO CRUZ

Os cidadãos, 18 portugueses e duas brasileiras, que chegaram a Portugal no domingo à noite repatriados da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus que já infectou mais de 17 mil pessoas e matou mais de 300, estão bem e sem sinais de doença respiratória. A Direcção-Geral da Saúde ainda está a avaliar quando poderão ser repetidas a análises.

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Os cidadãos, 18 portugueses e duas brasileiras, que chegaram a Portugal no domingo à noite repatriados da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus que já infectou mais de 17 mil pessoas e matou mais de 300, estão bem e sem sinais de doença respiratória. A Direcção-Geral da Saúde ainda está a avaliar quando poderão ser repetidas a análises.

Os 20 cidadãos estão distribuídos pelo Hospital Pulido Valente e pelo Parque Saúde (quatro repatriados estão nestas instalações), em Lisboa, e foram visitados ao início da tarde desta segunda-feira pela equipa de Sanidade Internacional, coordenada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).  

“Neste momento não há elementos clínicos a assinalar. O ambiente da noite passada foi de tranquilidade, depois de uma viagem longa. Do ponto de vista do estado geral, estão todos bem. Estamos a garantir ainda que aspectos de conforto sejam melhorados. Sabemos que as instalações não são hoteleiras. Há aspectos que estão a ser completados, como por exemplo algum material de apoio como livros, jornais e Internet”, afirmou a ministra da Saúde, em conferência de imprensa que se realizou esta segunda-feira.

A directora-geral da Saúde Graça Freitas complementou a informação clínica: “Nenhuma das pessoas desenvolveu sintomas relacionados com a nova doença. Não houve febre, tosse ou sintomas respiratórios.” Os 20 cidadãos podem conviver desde que usem máscaras e cumpram as recomendações dadas pelos profissionais de saúde.

Para já as análises realizadas no domingo ao final da noite e cujos resultados foram conhecidas esta segunda-feira deram resultado negativo para a presença do novo coronavírus. Mas podem ser repetidas, embora ainda esteja em análise o momento em que isso possa vir a acontecer.

A primeira acção, referiu a responsável, será a observação de sintomas. “O aparecimento de sintomas fará repetir analises. Todos os países estão a aprender com esta nova metodologia. O vírus foi detectado há menos de um mês. Existem algumas duvidas. Há países que estão a fazer análises às 48 horas e às 72 horas, uns só com a presença de sintomas e outros quando está a terminar quarentena. Vamos analisando quase todos os dias as diversas hipóteses e tomaremos uma decisão em função do que nos parecer melhor e do que os outros países parceiros estão a fazer”, explicou.

Graça Freitas adiantou ainda que a DGS está a contar com a colaboração de um grupo de peritos e que será com base na recomendação deste grupo que também vão tomar uma decisão sobre o momento de repetir as análises. “Ainda não tomámos uma decisão. Amanhã [terça-feira] vamos voltar a falar com os especialistas e de acordo com os especialistas, decidiremos a periodicidade das análises.”

Caso uma destas pessoas venha a apresentar algum sintoma suspeito, será accionado o protocolo que já existe. O profissional contacta a linha de apoio médico para validação do caso como suspeito, haverá recolha de material para análise e a pessoa será encaminhada para o hospital de referência. Perante um caso positivo, se tiver acontecido contacto próximo com outro dos repatriados sem uso de máscara será necessário que recomecem o ciclo de quarentena.

Questionada novamente sobre a questão do isolamento e medidas a aplicar a outros cidadãos que venham da China Marta Temido lembrou que a legislação permite, em situações excepcionais que não se verificam, ditar a separação de pessoas de forma a assegurar a saúde dos próprios e de terceiros.

“São medidas de excepção sempre dependentes de alguma ponderação, critérios de proporcionalidade e da legislação. Essa eventualidade não se coloca, mas sabemos que existem mecanismos de que dispomos e usaremos se necessário para garantir que os próprios ficam em situações de segurança, assim como a comunidade geral”, explicou a ministra. 

Graça Freitas voltou a reforçar que este grupo de cidadãos é especial por ter estado pelo menos 30 dias no epicentro de uma nova doença e que por isso foi tratado com medidas especiais. “Estes cidadãos não são iguais aos outros que possam vir da China. Foi por isso que Ministério da Saúde decidiu trata-los de forma especial. Outros que cheguem em risco semelhante terão tratamento semelhante. Para risco diferente, tratamento diferente”, salientou a directora-geral da Saúde.

Análise interna ao que já foi feito

Portugal tem neste momento três hospitais de referência para casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus e duas ambulâncias especializadas para a deslocação destes casos. A demora na deslocação de um caso suspeito em Felgueiras para o Hospital de São João levou o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar a tecer várias criticas sobre o material disponibilizado nas ambulâncias, meios disponíveis noutros pontos do país e informação disponível.

Graça Freitas explicou que nesta primeira fase, cujo nível é de contenção da doença, é preciso ter uma “linha muito restrita de serviço de primeira linha, com um laboratório muito bem preparado e número profissionais com muita capacidade”. Nesta altura disse estarem a trabalhar com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) e com as administrações Regionais de Saúde já a pensar numa segunda linha de resposta com mais laboratórios, rede de transporte e outros hospitais envolvidos.

Questionada sobre qual o protocolo neste momento caso apareça um caso suspeito por exemplo nos Açores ou na Madeira, a responsável adiantou que o doente ficará à partida numa unidade hospitalar da região autónoma e caso não exista capacidade laboratorial na zona, será a amostra biológica a ser enviada para Lisboa para realização dos testes no laboratório de referência. O presidente do Insa Fernando Almeida salientou que o instituto trabalha em rede com outros 20 laboratórios nacionais, incluindo nas ilhas, e que todos têm a tecnologia necessária para realizar os testes.

Marta Temido acrescentou que está em curso uma avaliação ao que se passou com os dois casos suspeitos que Portugal já registou, um em Lisboa e outro no Porto. “Já temos a recolha de toda a linha do tempo e iremos fazer uma análise interna detalhada para ver o que correu menos bem e avaliar medidas a tomar.”

A ministra acrescentou que já esta segunda-feira falou com o presidente do INEM sobre a necessidade de reformular a informação e o material disponível junto de todos os parceiros que trabalham com aquela entidade. E que esta terça-feira haverá uma reunião do Conselho Nacional de Saúde Pública para reflectirem sobre a capacidade de resposta de cada entidade.