Azeredo Lopes ponderou chamar Marcelo a depor em tribunal
Defesa do ex-ministro da Defesa diz que Azeredo Lopes está a ser “vítima de uma grave injustiça”.
O advogado de Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa de António Costa, ponderou chamar a tribunal o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para depor no processo do furto do armamento militar de Tancos.
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O advogado de Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa de António Costa, ponderou chamar a tribunal o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para depor no processo do furto do armamento militar de Tancos.
“Ponderei e só não o fiz por ser uma alta figura de Estado com direito a imunidade e com possibilidade de não responder”, referiu o jurista, esta segunda-feira, no momento em que o seu cliente estava a entrar para o Tribunal de Monsanto, para ser ouvido como arguido pelo juiz Carlos Alexandre na fase instrutória do processo.
Azeredo Lopes está acusado de abuso de poder, denegação de justiça e favorecimento pessoal e prevaricação.
No que diz respeito ao facto de ter chamado o primeiro-ministro, António Costa, a depor, não obstante ele gozar também de imunidade, Germano Marques da Silva alegou que só o fez “por ter havido notícias de que o Ministério Público quis chamá-lo, mas foi impedido de o fazer.”
De facto, os procuradores que dirigiram o inquérito ao furto e reaparecimento do material de guerra quiseram ouvir ambas as figuras de Estado, tendo, porém, sido proibidos de o fazer pelo director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que entendeu tratar-se de uma diligência com pouca utilidade e que iria atrasar a conclusão do processo.
"Vítima de uma grave injustiça"
Para a defesa de Azeredo Lopes, “os factos que lhe são imputados não passam de meras conjecturas, gravemente infundadas, não suportadas em provas juridicamente relevantes”. No seu requerimento de abertura de instrução, o ex ministro afirma ser “vítima de uma grave injustiça”.
Interrogado pelo seu advogado, Azeredo Lopes garantiu que nunca lhe foi entregue o memorando de Outubro de 2017 a dar conta da operação clandestina da Polícia Judiciária Militar destinada a recuperar o material roubado – muito embora tenha recebido da mesma polícia um memorando anterior sobre o furto, mas meramente “circunstancial”.
O juiz Carlos Alexandre, que interrogará o arguido esta tarde, interrompeu várias vezes a diligência do advogado, uma das quais para se mostrar perplexo perante as discrepâncias das diferentes versões do sucedido contadas pelo ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes e pelo antigo director da Judiciária Militar Luís Vieira. E acrescentou estar a contar com o depoimento do ex-ministro para “desempatar” – o que, afinal, não conseguiu fazer, uma vez que as suas declarações também não batem certo com as dos outros dois arguidos.