Escola, para quando dar mais atenção às emoções?

Quando suscitamos curiosidade nos nossos alunos, não precisamos de desenvolver a motivação. A curiosidade já traz em si a motivação.

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Einar Storsul/Unsplash

As crianças têm, por definição, ‘bichos carpinteiros’! A necessidade de estar sempre a mexer pés e mãos, falar, ver, observar e experimentar. A curiosidade está latente em tudo o que fazem e são!

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As crianças têm, por definição, ‘bichos carpinteiros’! A necessidade de estar sempre a mexer pés e mãos, falar, ver, observar e experimentar. A curiosidade está latente em tudo o que fazem e são!

É nos primeiros meses de vida que descobrimos o mundo através dos sentidos e das sensações, e que vamos fazendo escolhas — frio, calor, saboroso, entre outras. Quando crescemos são as emoções e a necessidade de bem-estar — pensando sempre que nos movemos para o bem, bom e belo — que norteiam as nossas decisões e fazemos avançar o mundo.

Integrar as emoções e o seu desenvolvimento na tomada de decisão pode ser um processo que se aprende na escola, ao longo do dia de forma natural.

É importante termos a noção de que a inteligência emocional é muito importante e abrange o desenvolvimento do autoconceito e do apreciarmos a dádiva que são os outros na nossa vida. A consciência das emoções que desenvolvemos perante cada situação, o que nos provoca determinados ambientes, a necessidade que temos de preservar ou mudar porque nos sentimos bem ou mal, faz com que tenhamos a capacidade de empreender desafios, participados por muitos, com diferentes competências.

Tudo o que pode espoletar emoções será, certamente, um bom início de aprendizagem. Desde a maçã que nos cai na cabeça, a trovoada que nos amedronta ou enfeitiça, a música que nos eleva, os números que bailam aos nossos olhos, o corpo que se desloca com graciosidade… Tudo deve ser tido como momentos de aprendizagem. A curiosidade faz o resto, criando necessidade de aprendizagem.

Quando suscitamos curiosidade nos nossos alunos, não precisamos de desenvolver a motivação. A curiosidade já traz em si a motivação. Manter o nível de curiosidade pelo mundo não é coisa para gente nova, é assunto sério de desenvolvimento humano ao longo da vida. Perceber que somos curiosos começa em pequeninos quando temos a sorte de brincar ao ar livre, na natureza, com paus a fazer construções imaginárias, com terra, areia, nas poças de água da chuva, a correr pela floresta, a sentir o ar a bater na cara e o cheiro da água e das ervas. Querer saber dos animais que ali vivem, perceber a sua importância e não ter medo deles. Ir à cozinha e meter a mão na massa, sentir os cheiros e os sabores. Fazer coisas com as mãos, como tricô, croché, cozer, colar, entre muitas outras coisas.

Sentimos com os sentidos e decidimos através das emoções que eles nos provocam. Para quando dar mais atenção às emoções? Tomar a consciência da sua importância na tomada de decisão é de extrema importância para serem decisões acertadas. E, já agora, não permitir que nos cortem a curiosidade e a necessidade de aprender, desde pequeninos… para toda a vida!