Presidente do BPI diz que caso Isabel dos Santos “não ajuda”

Lucro do banco detido pelos espanhóis do CaixaBank caiu 33% para 328 milhões.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Interpelado sobre a relação do BPI com Isabel dos Santos, que foi grande accionista do banco entre 2009 até 2016, o presidente da instituição, Pablo Forero, disse que está tranquilo porque sempre cumpriram a lei. Mas admitiu que estes temas (Luanda Leaks) “não ajudam" a reputação dos bancos no geral. As declarações foram proferidas durante a apresentação dos resultados de 2019 que se traduziram numa quebra de 33%.

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Interpelado sobre a relação do BPI com Isabel dos Santos, que foi grande accionista do banco entre 2009 até 2016, o presidente da instituição, Pablo Forero, disse que está tranquilo porque sempre cumpriram a lei. Mas admitiu que estes temas (Luanda Leaks) “não ajudam" a reputação dos bancos no geral. As declarações foram proferidas durante a apresentação dos resultados de 2019 que se traduziram numa quebra de 33%.

O gestor espanhol sublinhou ainda que a parceria do grupo BPI com a empresária angolana, via Unitel, é indirecta, não adiantando mais detalhes sobre esta relação. Sobre movimentos bancários polémicos de Isabel dos Santos (levantamento de 50 milhões da conta do BPI associada ao edifício Mónaco), Forero adiantou que ainda estão a analisar a situação para apurar se houve branqueamento de capitais e que, dependendo do que se vier a concluir, irão actuar.

Já sobre a actuação do BPI junto do BFA (o banco angolano onde o BPI detém 49%), quando rebentou o Luanda Leaks, o banqueiro referiu que “não foi feito nada de especial”, pois “não era o momento”. Ainda assim adiantou que a indicação do accionista de controlo do BPI, o grupo espanhol Caixabank, é para reduzir a posição actual. Mas ainda não foram desencadeados contactos para concretizar essa recomendação.

Em Portugal, no entanto, o conteúdo da lista de empresas revelada no quadro Luanda Leaks está a ser analisado pelo banco para apurar se alguma das entidades mencionadas tinha tido relação com o BPI.

“O contributo do BFA [Banco de Fomento Angola] para o lucro consolidado de 2019 ascendeu a 78,9 milhões de euros (+8%, em comparação com o período homólogo) e o BCI, em Moçambique, contribuiu com 18,7 milhões de euros (-11%) em 2019”, explica o banco no comunicado em que dá conta dos resultados anuais.

Spreads podem cair

O BPI registou um lucro de 327,9 milhões de euros em 2019, menos 33% do que o resultado do ano anterior (de 490,6 milhões), o que o banco justifica com o facto de se terem registado em 2018 “impactos positivos extraordinários significativos” de 178 milhões de euros vindos “essencialmente” de ganhos com a venda de participações.

Os resultados da instituição bancária detido pelo espanhol CaixaBank foram comunicados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nesta segunda-feira. A actividade em Portugal rendeu um lucro líquido de 231 milhões de euros, mais 13 milhões do que em 2018.

Na opinião do presidente do BPI, Pablo Forero, vai ser difícil defender a quota no mercado de crédito, razão que o leva a admitir que em 2020 possa haver margem para novas reduções nos spreads do financiamento, em especial, para aquisição de habitação: “Estamos a tentar manter a quota de mercado de crédito sem fazer uma guerra de preços, mas está cada vez mais difícil” e “antecipamos que em 2020, os spreads voltem a cair ainda mais”.

O banco liderado por Pablo Forero registou um aumento de 7,6% no valor dos depósitos, em 1599 milhões de euros; já a carteira de crédito cresceu a um ritmo mais baixo, de 4,4% em termos homólogos, aumentando 1033 milhões de euros, sendo que o crédito às empresas subiu 4,7%.

Ao todo, a carteira de crédito do banco era de 24.520 milhões de euros em Dezembro (comprando com os 23.487 milhões um ano antes). Daquele montante, 12.979 milhões correspondem a crédito a particulares (dos quais 11.371 milhões de euros são crédito hipotecário, segmento onde o banco tinha uma quota de mercado de 11,6% em Outubro​), 9722 milhões dizem respeito a crédito a empresas e negócios, 1714 milhões são empréstimos ao sector público e 104 milhões são outros créditos.

“A contratação de novo crédito hipotecário ascendeu a 1453 milhões de euros em 2019 o que reflecte um crescimento de 13% face ao ano anterior e ganhos de quota de mercado, que alcançou os 15,4% no final do ano (Outubro e Novembro)”, indica o banco no mesmo comunicado.