Carrilhões voltam a ouvir-se em Mafra
Programa de inauguração de restauro inclui palestras e recitais durante o fim-de-semana.
Os carrilhões do Palácio Nacional de Mafra voltam a tocar este sábado, 1 de Fevereiro, quase 20 anos depois de terem parado. O concerto inaugural está marcado para dia 2, com a bênção dos sinos e os carrilhonistas Abel Chaves e Liesbeth Janssens a interpretar “As Quatro Estações” de Vivaldi e uma obra original da autoria de Abel Chaves.
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Os carrilhões do Palácio Nacional de Mafra voltam a tocar este sábado, 1 de Fevereiro, quase 20 anos depois de terem parado. O concerto inaugural está marcado para dia 2, com a bênção dos sinos e os carrilhonistas Abel Chaves e Liesbeth Janssens a interpretar “As Quatro Estações” de Vivaldi e uma obra original da autoria de Abel Chaves.
A inauguração do restauro antecede a instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra, que foi apresentado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, como um dos “investimentos prioritários” do Governo para 2020, no âmbito da reabilitação do património cultural.
Depois do restauro dos seis órgãos históricos, inaugurado em 2010, a reabilitação dos carrilhões — que já não tocam desde 2001 — e dos sinos “vem reforçar uma das singularidades do palácio”, a sua monumentalidade, ao ter o maior conjunto sineiro, a nível mundial, e seis órgãos históricos a tocarem em conjunto, únicos no mundo, disse à Lusa o director do palácio, Mário Pereira.
Para o dia da inauguração, o programa inclui recitais sobre a herança da família Gato, os compositores ao serviço da Coroa nos séculos XVIII e XIX, músicas originais compostas para carrilhão, e rearranjos para carrilhão de música barroca. Os recitais — pelos carrilhonistas Francisco Gato, Abel Chaves, Luc Rombousts, Ana Elias, Frank Deleu, Koen Van Assche, Marie-Madeleine Crickboom — começam às 10h e prolongam-se até às 16h30.
Ainda para o primeiro dia estão previstas duas palestras, uma das quais sobre a herança de Willem Witlockx (que, com Nicolas Levache, foi fundidor dos dois carrilhões) por Luc Rombouts, musicólogo e carrilhonista belga.
No segundo dia decorrem também palestras: a encomenda dos dois carrilhões para o Real Paço de Mafra terá a intervenção de Isabel Iglésias; o técnico da Direcção-Geral do Património Cultural Luís Marreiros apresentará a empreitada de reabilitação dos carrilhões e torres sineiras; João Soeiro de Carvalho fará a sua intervenção sobre o complexo sineiro de Mafra; e o estudo acústico dos carrilhões estará com Vincent Debut. O concerto inaugural está marcado para as 16h.
Apesar de as obras de restauro englobarem os dois carrilhões, só o da Torre Sul vai ficar a funcionar.
Maior conjunto sineiro do mundo
A intervenção de restauro, orçada em 1,5 milhões de euros, começou no Verão de 2018, depois de, nesse Inverno, terem sido adoptadas interdições de circulação no local, por sinos e carrilhões ameaçarem cair com o mau tempo. O concurso público tinha sido lançado em Novembro de 2015. O Governo reconheceu na altura a “urgente necessidade de proceder à reabilitação” dos sinos e carrilhões, “face ao avançado estado de degradação” e aos “riscos de segurança, não só para o património em si, como para os utentes do imóvel e transeuntes da via pública”.
Os sinos, alguns a pesarem 12 toneladas, estavam presos por andaimes desde 2004, para garantir a sua segurança: as estruturas de suporte, em madeira, encontravam-se apodrecidas. Na altura, os carrilhões de Mafra foram classificados como um dos “Sete sítios mais ameaçados na Europa”, pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra.
Os dois carrilhões e os 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia e dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do Palácio Nacional de Mafra, classificado como Património Cultural Mundial da UNESCO em Julho de 2019.