Cedendo ao velho prazer cinéfilo de descrever um filme a partir de uma equação, começaríamos por dizer que Diamante Bruto/Uncut Gems é como o argumento da Morte de um Apostador Chinês de Cassavetes filmado por Abel Ferrara nas mean streets de Scorsese (aliás, creditado como produtor executivo do filme dos Safdie). Outras combinações seriam possíveis, o filme tem riqueza para tal, sem com isso implicar que os Safdie praticam um cinema “digestivo” mas sendo certo que lidam com “restos”, com ecos, com memórias. Também por isso, a equação podia tornar-se mais complexa: dizer que Diamante Bruto fica a milímetros (quer dizer, a minutos, antes do desfecho) de ser como uma daquelas fábulas caprianas que juntam milagres, ambientes económicos adversos e fé cega na justiça do “sistema”; dizer que, como certos momentos de Woody Allen, os Safdie constroem o filme por cima do ambiente cultural judaico de Nova Iorque, dele dando um testemunho pouco canónico mas presente. Falando de especificidades culturais, de resto, o caldeirão é mais complexo, a cultura negra também é chamada à colação, o hip hop, o basquetebol, e uma das personagens principais traz o ex-basquetebolista da NBA Kevin Garnett a interpretar uma versão dele próprio (sendo que também se torna imperioso notar que um dos primeiros diálogos do filme refere o falecido Kobe Bryant).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Cedendo ao velho prazer cinéfilo de descrever um filme a partir de uma equação, começaríamos por dizer que Diamante Bruto/Uncut Gems é como o argumento da Morte de um Apostador Chinês de Cassavetes filmado por Abel Ferrara nas mean streets de Scorsese (aliás, creditado como produtor executivo do filme dos Safdie). Outras combinações seriam possíveis, o filme tem riqueza para tal, sem com isso implicar que os Safdie praticam um cinema “digestivo” mas sendo certo que lidam com “restos”, com ecos, com memórias. Também por isso, a equação podia tornar-se mais complexa: dizer que Diamante Bruto fica a milímetros (quer dizer, a minutos, antes do desfecho) de ser como uma daquelas fábulas caprianas que juntam milagres, ambientes económicos adversos e fé cega na justiça do “sistema”; dizer que, como certos momentos de Woody Allen, os Safdie constroem o filme por cima do ambiente cultural judaico de Nova Iorque, dele dando um testemunho pouco canónico mas presente. Falando de especificidades culturais, de resto, o caldeirão é mais complexo, a cultura negra também é chamada à colação, o hip hop, o basquetebol, e uma das personagens principais traz o ex-basquetebolista da NBA Kevin Garnett a interpretar uma versão dele próprio (sendo que também se torna imperioso notar que um dos primeiros diálogos do filme refere o falecido Kobe Bryant).