Évora acolhe supercomputador ligado ao projecto do maior radiotelescópio do mundo
O radiotelescópio SKA é transcontinental e as suas antenas para escutar o Universo ficarão espalhadas por África e pela Oceânia.
O supercomputador Oblivion, com desempenho equivalente à combinação de mais de mil computadores, vai funcionar em Évora, associado ao projecto do futuro maior radiotelescópio do mundo e disponível também para a comunidade científica e empresas, foi revelado esta quinta-feira. Esse radiotelescópio é o SKA (Square Kilometre Array).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O supercomputador Oblivion, com desempenho equivalente à combinação de mais de mil computadores, vai funcionar em Évora, associado ao projecto do futuro maior radiotelescópio do mundo e disponível também para a comunidade científica e empresas, foi revelado esta quinta-feira. Esse radiotelescópio é o SKA (Square Kilometre Array).
“É uma máquina potente, com nós de computação, de gestão e de armazenamento. E podemos dizer que tem uma performance equivalente a 1200 computadores pessoais a funcionarem em conjunto”, destacou à agência Lusa o astrofísico Miguel Avillez, coordenador do Oblivion.
A máquina, instalada no Data Center da DECSIS, no Parque Industrial e Tecnológico da cidade, vai ser inaugurada pela Universidade de Évora a 4 de Fevereiro. O supercomputador, adiantou Miguel Avillez, também professor da Universidade de Évora, envolveu “um investimento próximo de um milhão de euros” e foi adquirido para a infra-estrutura de investigação ENGAGE SKA (Enabling Green E-science for the SKA Research Infrastructure), ligada ao projecto do maior radiotelescópio do mundo. O ENGAGE SKA tem um financiamento global na ordem dos quatro milhões de euros, atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através do Programa Compete 2020.
“Cinquenta por cento do tempo de CPU da máquina ficará afecto ao ENGAGE SKA”, mas “os outros 50%” são para disponibilizar “à comunidade científica e a empresas no âmbito da Rede Nacional de Computação Avançada”, assinalou Miguel Avillez, do Departamento de Matemática e coordenador do Grupo de Astrofísica Computacional da Universidade de Évora.
O ENGAGE SKA, liderado pelo Instituto de Telecomunicações (IT) de Aveiro e com as universidades de Évora, Aveiro, Porto e Coimbra, Instituto Politécnico de Beja e Associação RAEGE Açores, é a interface da comunidade científica portuguesa ao radiotelescópio SKA.
Trata-se de um projecto global que, a uma escala sem precedentes, envolve cientistas e engenheiros integrados em mais de 100 instituições de 21 países na preparação da construção do maior radiotelescópio do mundo, que tem como objectivo observar e mapear o Universo, referiu a Universidade de Évora. “Irá abranger uma área com um milhão de metros quadrados para a recolha de dados através de milhares de radiotelescópios, o que exigirá avanços radicais no processamento de dados, na velocidade de computação e na infra-estrutura tecnológica.”
O supercomputador em Évora vai “apoiar no processamento de volumes em massa de dados resultantes de actividades de investigação e inovação desenvolvidas em Portugal e enquadradas no design, prototipagem e operação” do radiotelescópio SKA e dos “seus eventuais precursores”.
A máquina “é capaz de processar 239 milhões de milhões de operações por segundo”, com “um custo energético muito baixo”, e “vai ser preparada para armazenar 1,5 petabytes de dados (equivalente a 1,5 milhões de gigabytes)”, de acordo com o astrofísico.
Além de tratar, analisar e obter informações a partir de volumes em massa de dados, o Oblivion vai “efectuar simulações numéricas em vários domínios da ciência”, nomeadamente no campo da astrofísica, acrescentou Miguel Avillez. “Permite fazer modelos sobre a origem e evolução do Universo, das galáxias ou dos planetas e a radiação emitida a partir do Sol, entre outras coisas, e modelos de novos materiais, trabalhar o desenho de novos medicamentos ou testar aplicações paralelas para previsões nas áreas do clima e da agricultura”, avançou ainda a universidade. “O supercomputador está em fase de testes, prevendo-se entrar em produção brevemente”, adiantou por sua vez Miguel Avillez.