Em que é que o Sporting gasta o dinheiro das grandes vendas?

As aquisições de Bas Dost, Bruno Fernandes e Marcos Acuña foram as excepções a uma regra quase sempre seguida em Alvalade: a de gastar o dinheiro das vendas em vários jogadores “baratos”, em vez de o fazer em poucos jogadores, mas mais caros.

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Bas Dost foi a principal excepção a uma regra seguida em Alvalade LUSA/MÁRIO CRUZ

Vender bem, gastar com cabeça. Tem sido esta a premissa aplicada pelo Sporting no binómio vendas-compras nos mercados de transferências. Não fazendo frequentemente vendas acima dos 40 milhões de euros, como é a de Bruno Fernandes, confirmada nesta quarta-feira, os “leões” têm feito, na última década, alguns negócios volumosos.

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Vender bem, gastar com cabeça. Tem sido esta a premissa aplicada pelo Sporting no binómio vendas-compras nos mercados de transferências. Não fazendo frequentemente vendas acima dos 40 milhões de euros, como é a de Bruno Fernandes, confirmada nesta quarta-feira, os “leões” têm feito, na última década, alguns negócios volumosos.

Olhando para as transferências acima dos dez milhões de euros há um aspecto evidente: geralmente, o dinheiro recebido não é investido em “trutas”. O clube “leonino” tem optado, por outro lado, por aplicar o dinheiro das grandes vendas em vários jogadores mais “baratos”, em vez de gastar em menos jogadores mas mais caros. Isto, claro está, olhando apenas para o reforço do plantel, pois parte dos valores embolsados com as transferências foi utilizado para satisfazer necessidades de tesouraria.

As vendas de Bruma (13M) e Marcos Rojo (20M), ainda antes de 2015, e de Gelson (22,5M), Raphinha (20M) e Thierry Correia (12M), já em 2019, são os exemplos mais claros desta política – entraram, fruto da maquia destes negócios, jogadores como Héldon, Shikabala, Jonathan Silva, Slavchev, Paulo Oliveira, Fredy Montero, Oriol Rosell, Naby Sarr, Tanaka, Vietto, Camacho, Rosier, Eduardo ou Jesé - todos eles a preços relativamente acessíveis (Vietto fugirá um pouco mais à regra, chegando à casa dos sete milhões de euros).

Caso semelhante, mas com algumas particularidades, é o das vendas pós-ataque a Alcochete. Depois das rescisões unilaterais de Gelson Martins, William Carvalho e Rui Patrício, os “leões” tiveram de negociar, mais tarde, os valores a receber pelos jogadores. O primeiro a ter valor acordado foi William (20M), que permitiu a compra de Raphinha, Diaby, Bruno Gaspar e Gudelj, nenhum deles obrigando a um investimento volumoso.

Mais tarde, o acordo por Patrício (18M) permitiu atacar, no mercado de Inverno, jogadores como Doumbia, Borja, Tiago Ilori, Renan ou Luiz Phellype. Uma vez mais, manteve-se a premissa: comprar vários jogadores “baratos”, em vez de apostar em “trutas”.

E a própria venda de Bruno Fernandes pode ser vista numa lógica semelhante, já que os “leões” terão usado a confiança nesse negócio para comprar Sporar em antecipação – custou “apenas” seis milhões de euros, o que poderá permitir ao clube ainda ter alguma “folga” financeira para olhar para o próximo mercado de Verão.

As excepções a esta estratégia foram dois mercados consecutivos: 16/17 e 17/18. Com as vendas de João Mário (40M) e Slimani (30,5M), primeiro, e Adrien Silva (24,5) e Rúben Semedo (14M), depois, o Sporting foi mais audaz na abordagem ao mercado.

Foi já a pensar nas saídas de João Mário e Slimani que foram gastos quase 12 milhões de euros em Bas Dost e foi também dessa forma que, no ano seguinte, as vendas de Adrien e Semedo permitiram “caçar” Bruno Fernandes e Marcos Acuña, cada um por cerca de 10 milhões de euros. Excepções a uma regra quase sempre seguida em Alvalade.