China já é o segundo maior fabricante de armas atrás dos EUA

Estudo do SIPRI contabiliza pela primeira vez dados de quatro empresas da indústria da defesa, que estariam entre as 20 maiores do mundo se a China divulgasse essa informação.

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Desde 1989 que a China vem investindo fortemente na modernização das suas forças armadas WU HONG/EPA

Um estudo do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), divulgado esta segunda-feira, revela que a China já é o segundo maior fabricante de armas do mundo, a seguir aos Estados Unidos e à frente da Rússia. Tendo por base a venda de armas das quatro das maiores empresas de armamento chinesas, e sem incluir o sector da construção naval, devido a insuficiente informação, os negócios da China ascenderam a 54,1 mil milhões de dólares em 2017.

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Um estudo do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), divulgado esta segunda-feira, revela que a China já é o segundo maior fabricante de armas do mundo, a seguir aos Estados Unidos e à frente da Rússia. Tendo por base a venda de armas das quatro das maiores empresas de armamento chinesas, e sem incluir o sector da construção naval, devido a insuficiente informação, os negócios da China ascenderam a 54,1 mil milhões de dólares em 2017.

Até agora, devido “à falta de transparência” do Governo da China, “o valor das vendas de armas chinesas não era conhecido ou baseava-se em cálculos pouco confiáveis”, os dados compilados agora pelo SIPRI mostram que esses quatro gigantes chineses (AVIC-Aviation Industry Corporation of China, Norinco-China North Industries Group Corporation, CSGC-China South Industries Group Corporation e CETC-China Electronics Technology Group) venderam mais 16,4 mil milhões que o total das dez maiores empresas da indústria da defesa russa do Top 100. E mais 18,4 mil milhões que o conjunto das sete empresas britânicas entre as 100 maiores.

“Com base neste cálculo, que diz respeito às vendas de armas de apenas quatro empresas, a China teria a segunda maior percentagem do total de venda de armas das empresas do Top 100”, escreve a SIPRI, instituto internacional independente, criado nos anos 1960, que se dedica à investigação nas áreas do conflito, armas, controlo de armamento e desarmamento. E as quatro empresas que serviram de base a este estudo estariam entre as 20 maiores do mundo.

A China vem investindo consideravelmente na modernização da sua indústria de defesa desde 1999, no tempo do Presidente Jiang Zemin, com o fim de se tornar auto-suficiente na produção de armamento e tecnologia de ponta para equipar as suas forças armadas e garantir os seus objectivos.

“Comparando o cálculo de vendas de armas com o cálculo do SIPRI sobre os gastos militares chineses, os 54,1 mil milhões de dólares da AVIC, CETC, Norinco e CSCG representam 24% dos gastos militares chineses em 2017”, explica o estudo. Se a isso somarmos “números hipotéticos para o sector da construção naval”, então a indústria de armamento da China ascende a qualquer coisa como 70 mil milhões a 80 mil milhões de dólares.

“Isto representaria 30 a 35% dos gastos militares chineses. Uma percentagem que está de acordo com o relatório das Nações Unidas sobre gastos militares em 2017 e a estimativa da Rand Corporation para os gastos de defesa da China”, lê-se no relatório.

Grande parte da produção armamentista chinesa é feita para equipar as suas Forças Armadas. Segundo um relatório do SIPRI de 2018, as exportações da China eram apenas 5,7% das exportações de armas do planeta, sendo o Paquistão o seu principal comprador – entre 2013 e 2017, 70% do arsenal bélico adquirido pelas forças armadas paquistanesas veio da China.

O ano passado, no seu livro branco da defesa (Defesa Nacional da China para a Nova Era), o Governo chinês admitia que se vivia actualmente uma corrida ao armamento e acusava Washington de estar a forçar essa situação: “Os EUA reajustaram as suas estratégias de segurança nacional e de defesa e adoptaram políticas unilaterais. Provocaram e intensificaram a competição entre as principais potências, aumentaram significativamente os seus gastos em defesa, pressionaram para capacidades adicionais nucleares, espaciais, de cibersegurança e defesa de mísseis, prejudicando a estabilidade estratégica mundial”.