Com o anti-semitismo a crescer, assinala-se a libertação de Auschwitz

As cerimónias decorrem às 14h30 e vão juntar dezenas de chefes de Estado.

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Líderes mundiais juntaram-se esta segunda-feira a sobreviventes do Holocausto na Polónia para marcar os 75 anos da libertação pelas tropas soviéticas do campo de extermínio nazi de Auschwitz, num momento em que crescem as preocupações pelo ressurgimento do anti-semitismo.

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Líderes mundiais juntaram-se esta segunda-feira a sobreviventes do Holocausto na Polónia para marcar os 75 anos da libertação pelas tropas soviéticas do campo de extermínio nazi de Auschwitz, num momento em que crescem as preocupações pelo ressurgimento do anti-semitismo.

Mais de 1,1 milhões de pessoas, na sua maioria judeus, foram mortos nas câmaras de gás, ou de fome, de frio e de doenças em Auschwitz.

Erguido pela Alemanha nazi na Polónia ocupada em 1940, o que foi inicialmente uma prisão para presos políticos polacos tornou-se no maior campo dos campos extermínio onde Adolf Hitler pretendia matar todos os judeus - a “Solução Final”.

Falando antes das cerimónias, David Harris, chefe do Comité de Judeus Americanos, disse que grupos que vão da extrema-direita aos supremacistas brancos, passando pelos jihadistas, estão a alimentar o anti-semitismo em todo o mundo.

“Os judeus da Europa Ocidental pensam duas vezes antes de usar a kippa, pensam duas vezes antes de entrarem numa sinagoga, pensam duas vezes antes de entrarem num supermercado kosher”, disse Harris à Reuters.

Uma sondagem feita em 2019 pela Liga Anti-Difamação, organização sedeada nos Estados Unidos, mostrou que um em cada cidadão da Europa tem atitudes “perniciosas e ideias feitas” em relação aos judeus. Nos EUA são 19% dos cidadãos.

Na Alemanha, 42% concordam que “os judeus ainda falam muito sobre o que lhes aconteceu no Holocausto”, diz a sondagem. Duas pessoas foram mortas junto a uma sinagoga em Halle, Leste da Alemanha, em Outubro do ano passado, no que foi considerado um ataque anti-semita.

Depois de visitar Auschwitz na semana passada, Mohammed al-Issa, secretário-geral da Liga Mundial Muçulmana (MWL), com sede em Meca, disse que os governos e as comunidades muçulmanas deviam fazer mais para combater o anti-semitismo. “Os países europeus deviam ter leis mais fortes e mais activas para criminalizar o anti-semitismo”, disse Al-Issa.

Mais de uma dúzia de chefes de Estado, entre eles os presidentes alemães Frank-Walter Steinmeier e israelita, Reuven Rivlin, vão participar nas cerimónias que começam às 15h30 (menos uma em Portugal Continental), no portão de Auschwitz, onde os comboios paravam para deixar as vítimas.

As cerimónias na Polónia visam sublinhar o sofrimento do país durante a II Guerra Mundial, em que seis milhões de polacos, incluindo três milhões de judeus, foram mortos e Varsóvia foi destruída.

Para muitos polacos não judeus, Auschwitz continua a ser o lugar onde os nazis mataram membros da resistência polaca, os padres católicos, vítimas inocentes e os intelectuais.

Os críticos dizem que o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS, no Governo), não está a fazer o suficiente para conter o anti-semitismo, focando-se sim no heroísmo polaco durante a guerra e não dando à questão das exigências feitas no pós-guerra pelos judeus no sentido de lhes serem restituídos. O PiS diz que o Ocidente não reconheceu a dimensão do sofrimento polaco e também da sua bravura.

Um sobrevivente, judeu polaco, disse que é preciso recordar Auschwitz. “Temos que fazer tudo o que for possível para impedir que o mundo fique com amnésia”, disse Benjamin Lesser no domingo, no campo. “É difícil de acreditar que pessoas civilizadas, com cultura e educadas pudessem ser tamanhos monstros.”